27 anos depois do primeiro filme, “Missão Impossível: Dead Reckoning Part I” demonstra que este é um franchise que não dá sinais nenhuns de estar a ficar cansativo ou com falta de histórias para contar. Foi disso que falámos no episódio mais recente do podcast do Acho Que Vais Gostar Disto.
Quando estreou nos cinemas em maio de 1996, poucos imaginavam que estavam a olhar para uma história e para uma personagem que iam durar tanto tempo. “Missão Impossível” era um filme baseado numa série dos anos 60 e apesar de contar com estrelas como Tom Cruise e Jon Voight e ter uma premissa interessante, não era expectável que fosse mais do que um bom filme de ação. A IMF - Impossible Mission Force - era a agência responsável por todas as missões que a CIA não queria ser associada ou responsabilizada caso corressem mal e Ethan Hunt (Cruise) um dos seus principais agentes.
Nesse primeiro filme, Hunt é incriminado pelo assassinato da sua equipa e perseguido pela IMF e pela CIA e passa o filme a tentar provar a sua inocência e encontrar o verdadeiro culpado. Com 80 milhões de orçamento, “Missão Impossível” fez quase 500 milhões de dólares em receitas de bilheteira no mundo inteiro, provando que havia ali potencial a explorar no futuro. Seguiram-se mais cinco filmes e uma série de referências que passaram a fazer parte da cultura do entretenimento: a banda sonora imediatamente reconhecível (até deu origem a “Take a Look Around” dos Limp Bizkit, em MI:2); a forma como Hunt recebe as missões no início de cada filme, com mensagens que depois se autodestroem; as máscaras com cara de outras pessoas que a IMF utiliza para se infiltrar em locais perigosos; os cenários improváveis que fazem jus ao nome do franchise; até as localizações onde as missões decorrem.
Todas estas coisas fizeram de “Missão Impossível” algo familiar para as audiências no mundo inteiro sem nunca se tornar cansativo. Por um lado, os filmes foram sendo lançados com algum intervalo entre eles (devido à complicada agenda de Cruise) o que permitia dar tempo às pessoas de sentirem “saudades” ou pelo menos curiosidade sobre o que uma nova história podia trazer. Por outro, Cruise e os produtores e realizadores com os quais foi trabalhando ao longo do tempo foram fazendo ajustes de filme para filme, o que tornou cada capítulo melhor ou igualmente consistente face ao anterior.
No primeiro, trabalhou com Brian de Palma (“Scarface”, “The Untouchables e “Casualties of War”). O segundo, com John Woo, que é consensualmente o pior do franchise. A partir do terceiro, J.J. Abrams juntou-se à equipa e lançou um pouco da mística de que “Missão Impossível” goza hoje. A afirmação e consolidação deu-se com Christopher McQuarrie, cuja parceria com Cruise já se estende muito para além dos títulos de MI (“Rogue Nation” e “Fallout”), tendo colaborado com o ator em ambos os “Jack Reacher”, em “No Limite do Amanhã” e, mais recentemente, em “Top Gun: Maverick”, um sucesso de bilheteira que valeu também uma nomeação de Melhor Filme nos Óscares.
Um novo filme e a defesa do cinema
A caminho do sétimo filme do franchise, a “Missão Impossível” tem a particularidade de o sexto filme - “Fallout” - ter sido considerado como o melhor da série, algo pouco comum numa história com uma longevidade tão grande. Com Cruise, Ving Rhames, Simon Pegg, Rebecca Ferguson, Henry Cavill, Vanessa Kirby, entre outros, tem a capacidade de criar um incrível filme de espionagem em que todas as personagens têm um propósito bem definido, têm um conflito para resolver e não são só figurantes. No Rotten Tomatoes, atingiu o rating de 97% e no Metacritic de 86 e é mesmo tudo o que pedimos de um filme ao entreter-nos durante 2 horas e meia.
Em cima disto, nos últimos anos, Tom Cruise tornou-se num dos principais defensores da experiência nas salas de cinema. Durante a pandemia, enquanto via muitos dos seus pares fazerem a transição para o streaming, o ator americano utilizou a campanha de promoção de “Top Gun: Maverick” como uma mensagem de esperança para os cinemas, incentivando milhões de pessoas a regressar a algo que parecia estar lentamente em decadência. Não resolveu todos os problemas, mas a verdade é que os resultados de “Maverick” deram confiança a que mais estúdios voltassem a apostar nas grandes salas e teatros, em vez de aceitarem o dinheiro que fluía mais facilmente nas mais diferentes plataformas naquele período.
Quando olhamos para este verão e vemos o entusiasmo gerado à volta do novo MI, “Dead Reckoning Part I”, de “Oppenheimer” e de “Barbie”, parte disso pode ser atribuído a Tom Cruise e a outras figuras que não desistiram da experiência de um cinema como a conhecemos. Não sabemos qual dos três terá maior sucesso, mas se todos forem pelo menos como o capítulo mais recente de “Missão Impossível”, estamos bem servidos.
Realizado também por McQuarrie, traz muitas das caras conhecidas de “Fallout” e adiciona outras novas que em tudo contribuem para mais uma história cativante. Desta vez, o inimigo é um agente de inteligência artificial (IA) que fugiu ao controlo e que se tornou na "Entidade", depois de ser utilizado para vigiar um submarino. Numa altura em que a IA está a ser debatida por uma série de razões, o filme toca em alguns pontos interessantes e que nos fazem pensar de uma forma que há cinco ou dez anos não parecia nada credível.
Esta "Entidade", consegue dominar sistemas informáticos e utilizar dados para prever e influenciar qualquer cenário no mundo inteiro, incluindo as decisões que a equipa de Hunt toma. Além disso, “tem” uma equipa no terreno, liderada por um velho inimigo de Hunt chamado Gabriel (Esai Morales), que também quer controlar a IA. Para isso, precisa de encontrar uma chave dividida em dois, que permite aceder ao código-fonte da “Entidade” e comandá-la. A missão da IMF é impedir que isso aconteça, recuperando a chave primeiro.
Tal como nos filmes anteriores, Hunt apressa-se a duvidar das intenções de diferentes governos e organizações e mostra-se mais preocupado em garantir que está do lado certo e que consegue proteger a sua equipa, principalmente num contexto em que o “inimigo” consegue praticamente adivinhar todos os seus passos. Em toda esta dinâmica, há um “joker”, que é como quem diz uma nova personagem chamada Grace, uma criminosa protagonizada por Haley Atwell (“Os Pilares da Terra”, “Agent Carter”) cuja química com Cruise é quase tão boa como a de Ferguson, e que nos coloca a pensar de que lado é que pode estar em todos os momentos.
“Dead Reckoning Part I” tem algumas da melhores cenas de ação do franchise: há um confronto logo ao início no deserto muito bom; uma perseguição em Roma que nos mostra a cidade no meio de todo o caos; uma luta em Veneza num beco improvável e ainda uma perseguição num comboio (como não podia faltar). E, claro, há também aquele stunt que foi amplamente partilhado nas redes sociais, em que Tom Cruise salta de um penhasco com uma mota e lança-se num paraquedas — que é tão incrível como quiseram fazer parecer que era.
Se é melhor do que o "Fallout"? Cabe a cada um decidir. Porém, cumpre aquilo que esperamos de uma história dividida em duas partes: deixa-nos entusiasmados para a segunda, que deverá chegar em junho de 2024.
“Mission Impossible: Dead Reckoning Part I” já está nas salas de cinema em todo o país.
As Nomeações para os Emmys
A HBO Max liderou em número de nomeações graças a séries como "House of the Dragon", "The Last of Us", "The White Lotus" e "Succession". Dificilmente as categorias de Drama não passarão por algum dos seus conteúdos.
Na Comédia, "Ted Lasso" (Apple TV+) tem 21 nomeações, no entanto "The Bear" da Disney+ (que está longe de ser uma série de comédia, mas acabou nesta categoria) é a principal candidata a vencer alguns prémios, com "Barry" (HBO) e "The Marvelous Mrs. Maisel" (Prime Video) à espreita.
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Créditos finais
Greve em Hollywood. Um sindicato juntou 160 mil atores à greve dos argumentistas que já dura há mais de 70 dias. Aparentemente, os estúdios querem tornar aquele episódio da última temporada de "Black Mirror" em realidade. (The Rolling Stone)
House of the Dragon. Apesar de os atores se terem juntado à grave dos argumentistas nos EUA, a rodagem da série da HBO não vai ser afetada porque as filmagens decorrem no Reino Unido e os atores são representados por um sindicato local. (Deadline)
Lisa Marie Presley. Foi revelada a causa da morte da filha de Elvis Presley, que morreu em janeiro, aos 54 anos. (The Hollywood Reporter)
BTS. Tal como tinha prometido, Jung Kook lançou esta sexta-feira "Seven", o seu single a solo: "Quero mostrar uma versão mais madura e adulta de mim próprio". (Notícia aqui e podes ouvir/ver o single aqui)
Willy Wonka. Timothée Chalamet recebeu o icónico papel depois de o realizador ter visto a sua performance no High School Musical no YouTube. (Rolling Stone)
Taylor Swift. Da adolescência aos hits mais recentes, um ranking com as 237 canções da estrela pop. (Rolling Stone)
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