No último episódio do podcast “Acho Que Vais Gostar Disto”, João Dinis e Miguel Magalhães colocam o chapéu de palha e zarpam para alto-mar falar sobre o fenómeno “One Piece”, a versão live-action da mangá mais popular do mundo, que estreou recentemente na Netflix.
Ouve aqui episódio de “One Piece”
Para quem liga pouco à cultura japonesa da anime (os desenhos animados) ou mangá (a banda desenhada), “One Piece” não diz muito e é apenas mais uma série com piratas aparentemente muito balada que estreou esta quinta-feira, dia 31 de agosto, na Netflix. Mas para quem segue ou está a par do fenómeno, esta é uma daquelas estreias que, no mínimo, está a ser encarada como um autêntico acontecimento.
Porquê? Bom, basicamente porque é a adaptação live-action da mangá mais popular do mundo. E, por mais popular, entenda-se a que tem mais de 500 milhões de cópias vendidas em circulação a nível global — feito assinalado e reconhecido pelo The Guiness World Record. Para motivos de contexto e perspetiva: William Shakespeare é o autor de ficção que mais vendeu na história, mas Eiichiro Oda, o autor de “One Piece”, ocupa a 10.ª posição de uma lista de excelência — e não anda muito longe de J. K. Rowling, que ocupa a 8.ª posição.
OK, dá para perceber. É algo mega popular. Mas o que é ao certo?
Tal como Monkey D. Luffy, o seu protagonista elástico, "One Piece" é um franchise mediático que se pode dobrar e esticar de todas as formas possíveis e imaginárias. Criada em 1997 por Eiichiro Oda, a história reflete a paixão do autor por piratas, que despertou enquanto jovem ao ver "Vickie, o Viking", uma série de animação clássica que acompanhou muitas gerações (passou por cá na RTP 1 e 2) e cuja música do genérico ainda hoje atira muita gente para a sua infância ("Hey, Vickie hey, hey Vickie hey. No mar a viajar / Hey, Vickie hey, hey Vickie hey / sempre a navegar").
Mas se tudo começou nas tiras da revista japonesa Weekly Shōnen Jump no final da década de 90, passados mais de 25 anos, diga-se que a aventura continua popular como nunca — tanto que ainda continua a sair com bastante periodicidade, apesar de já contar com 1000 capítulos publicados e mais de 100 volumes. Só que não é só na mangá que Luffy brilha, que o fenómeno já galgou para outros formatos. Desde a sua criação, “One Piece” já foi adaptado para a televisão (com uma visão ligeiramente diferente dos livros), chegou ao cinema (15 filmes que acrescentam histórias originais ou remisturam as existentes) e deu origem a 40 videojogos (e tudo o que se possa imaginar ao nível de merchandising). Agora, deu o salto live-action para a Netflix com personagens de carne, osso e CGI (efeitos visuais).
OK, e qual é história da série da Netflix? É uma aventura lendária no alto-mar, de piratas, que estão à procura de um tesouro chamado “One Piece” pelos oceanos. A alma e coração da história são Luffy (Iñaki Godoy) e a sua tripulação conhecida como os Chapéus de Palha: Roronoa Zoro (Mackenyu), um espadachim ambicioso mas cauteloso; Nami (Emily Rudd), a brilhante navegadora que quer conhecer o mundo; Usopp (Jacob Romero), que é outro sonhador como Luffy; e Sanji (Taz Skylar), um cozinheiro malandro que só luta com os pés. E, juntos, personificam a magia de “One Piece”: a realização de sonhos e a ligação umbilical dos nakama (amigos mais próximos) que enfrentam adversidades como uma família.
Um verdadeiro desafio: Há entre os nossos leitores e ouvintes adeptos do binge? Há poucos desafios como “One Piece”. Só falando da anime, existem 1,073 episódios. O site CBR (Comic Book Resources) fez as contas e, traduzindo em números, dá qualquer coisa como 25.752 minutos ou 429,2 horas de material para ver. É um binge intenso de 18 dias seguidos — sem dormir. E mesmo que embarquemos numa missão profissional para o efeito, de oito horas diárias, o/a corajoso/a que tentar o feito vai levar 53 dias para ver todos os episódios. Se metermos os filmes pelo meio, a soma sobe para 56 dias.
Em resumo: “One Piece” é uma força cultural enorme, mas é ao mesmo tempo de nicho. No entanto, apesar de a história já se estender por 25 anos, os fãs continuam a seguir as aventuras de Luffy com o mesmo entusiasmo de sempre. Muito por culpa de a história ser, enfim, boa. Se a adaptação para a Netflix corre bem e segue o mesmo caminho? Eiichiro Oda, que seguiu e esteve envolvido durante o processo produção, acredita que sim. Resta saber saber nos próximos dias se os fãs e o resto mundo também.
A primeira temporada já está disponível na íntegra na plataforma de streaming. O nosso episódio sobre de “One Piece” já está disponível na Apple Podcasts e no Spotify.
Nos créditos finais, falámos sobre: Gotas Divinas (Apple TV+), Strike Force Five (podcast com Stephen Colbert, Jimmy Fallon, Jimmy Kimmel, Seth Meyers e John Oliver), The Equalizer 3: Capítulo Final (Cinema), Heart of Stone (Netflix) e Ahsoka (Disney+).
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Agenda para setembro
Setembro é sinónimo de vários regressos: das aulas, do trabalho e de mais novidades nas principais plataformas de streaming.
Créditos Finais
No mundo da cultura pop
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16 séries. Mais uma lista, mas agora com séries (e mais curtinha!). De “Lessons in Chemistry” (HBO) com Brie Larson à adaptação de animação “Scott Pilgrim Takes Off” (Netflix), o que não vai faltar é o que ver nos próximos meses.
Jake Gyllenhaal. O ator acha que vai ter um desempenho sem precedentes se protagonizar um filme realizado pela irmã Maggie — e já há planos nesse sentido. (IndieWire)
Let’s look at the trailer
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The Killer (Netflix). David Fincher realiza, Michael Fassbender protagoniza. Estreia a 10 de novembro.
John Wick: The Continental (Prime Video). Sem Keanu Reeves, mas com Mel Gibson. Estreia a 22 de setembro.
Ferrari (Cinema). Adam Driver é Il Commendatore (Enzo Ferrari, o fundador da conhecida marca automóvel).
The Marvels (Cinema). Terceiro trailer do filme da Marvel protagonizado por Brie Larson.
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