Na edição desta da semana vamos falar de “Sunny”, série de ficção científica banhada a humor negro que estreou recentemente na Apple TV+ e que é interpretada por Rashida Jones e um robô com aspecto adorável (mas que consegue ser sinistro ao mesmo tempo).
À primeira vista, “Sunny” é uma série que conta a relação de uma expatriada americana num Japão futurista não muito distante com um robô com ar fofo. Mas, na verdade, é mais uma história sobre a angústia do luto, da solidão, da resiliência e da complexidade da relação entre humanos e a Inteligência Artificial (AI).
Produzida pelo estúdio A24 e rodada nas ruas e paisagens de Quioto (e uns estúdios em Tóquio), “Sunny” é protagonizada por Rashida Jones (“Parks and Recreation”, “The Office”), que interpreta Suzie Sakamoto, uma mulher que dá explicações de matemática online durante a noite cuja vida mergulha no caos com o desaparecimento do marido e filho num acidente de avião.
Mas, no meio do desgosto e muito álcool, ao mesmo tempo que tenta lidar com as vicissitudes de uma cultura diferente e com a sogra, dá com alguém à porta de casa a deixar uma encomenda inesperada: um robô doméstico aparentemente senciente e altamente sofisticado, desenvolvido especialmente para ela pelo marido. O que a deixa de pé atrás. Afinal, como aprendemos logo cedo, Suzie não é fã deste tipo de companhia.
Por isso, naturalmente, Suzie recusa qualquer tentativa de aproximação do robô numa fase inicial. Nem mesmo quando está estatelada no chão depois de cair com uma garrafa de vinho na mão. Mas à medida que a série avança, a dupla começa a formar um laço improvável e embarca numa jornada para descobrir a verdade por detrás do desaparecimento da sua família. É que, ao que parece, Masa, o enigmático marido, interpretado pelo ator japonês Hidetoshi Nishijima, conhecido pelo seu papel no aclamado e vencedor de um Óscar “Drive My Car”, afinal não trabalha com frigoríficos como sempre pensou.
Esta última informação está a deixá-la confusa e intrigada porque a mentira não é algo que faça parte do homem atencioso que conhecemos através dos vários flashbacks. Nada parece fazer sentido, o que leva Suzie a transformar-se numa mulher que vai questionar tudo o que sabia sobre o seu casamento e a sua vida com a ajuda de um robô que detesta e de Mixxy, uma bartender free spirit que está a perder o seu cabelo azul por causa do stress.
Baseada no romance “The Dark Manual” de 2018, do autor irlandês Colin O’Sullivan (ainda que se desvie do conteúdo original logo de início), “Sunny” foi adaptada por Katie Robbins, uma ex-jornalista que se tornou argumentista (escreveu episódios de séries como “The Last Tycoon” da Prime Video e “The Affair” da Showtime), e que agora criou um mistério de ficção científica repleto de humor negro que por vezes faz lembrar “Severance” (pela parte da conspiração corporativa) e “Black Mirror” (por se passar num futuro próximo).
Curiosidade: Rashida Jones não é alheia a este tipo de futurismo próximo ou não tivesse co-escrito o episódio “Nosedive”, o primeiro da terceira temporada de “Black Mirror” (aquele em que há uma mulher desesperada a tentar aumentar o seu score nas redes sociais).
Dito isto, “Sunny” não é algo propriamente novo ou que não tenhamos visto. E pelo que é possível perceber pelos primeiros episódios, o ritmo é lento e a série não tem problemas em demorar o seu tempo a desenvolver a história. Mas tal não significa que não seja interessante. Aliás, pelo contrário. É uma mistura de estilos e elementos que não sendo perfeita ou de nota 10, resulta.
Rashida Jones está muitíssimo bem, a atriz Joanna Sotomura consegue humanizar de forma divertida um robô (parece algo saído da Pixar para adultos) e o guião está cheio de cenas hilariantes para quem gosta deste tipo de humor ou estilo mais vagaroso. Para quem está órfão do que ver, esta é nossa recomendação da semana. Como os episódios são curtos, não custa espreitar.
Os primeiros cinco de 10 episódios de “Sunny” já estão disponíveis na Apple TV+. O próximo estreia a 7 de agosto.
📚 Sugestões de leitura
A MadreMedia, responsável pelo clube de leitura É Desta Que Leio Isto e da marca Acho Que Vais Gostar Disto, tem disponibilizado no SAPO24 o primeiro capítulo ou outro excerto de livros recentemente publicados ou prestes a ser lançados. Nesta semana, a nossa sugestão de leitura destas pré-publicações é “Admirável Mundo Verde”, o novo livro de Filipa Fonseca Silva, autora de “E Se Eu Morrer Amanhã?” e de “O Elevador”.
Sinopse: Num futuro não muito distante, um grupo de ativistas pelo clima radicaliza-se e decide derrubar o sistema. Dotado de uma eficaz máquina de propaganda, que lhe garante o apoio popular, consegue chegar ao poder e impor uma sociedade totalmente verde. Mas a que preço? Assim, o que aconteceria se os ambientalistas, depois de anos sem serem levados a sério, derrubassem o governo e impusessem novas regras?
Homenageando o clássico de Aldous Huxley, este é um romance distópico centrado na emergência climática e na polarização da sociedade.
A pré-publicação pode ser lida AQUI.
🎞️ Na Internet, no mundo e na cultura pop
Regresso ao passado para preparar o futuro. Depois de um ano conturbado, a Marvel vai pagar muito dólar por uma fórmula vencedora. Ou seja, vai reunir novamente o carismático Robert Downey Jr. (será o vilão “Doctor Doom”) e os irmãos Russo (dupla que realizou os dois filmes de maior sucesso do estúdio: “Vingadores: Guerra do Infinito” e “Vingadores: Endgame”).
“A Complete Unknown”. Especialistas ouviram Timothée Chalamet e elogiam o seu canto e maneirismos após divulgação do novo trailer do biopic de Bob Dylan. Ainda assim, há quem continue cético.
“Deadpool & Wolverine” bate recordes na estreia. Ao fazer 211 milhões de dólares de bilheteira, o filme de Ryan Reynolds e Hugh Jackman é a sexta maior estreia de sempre nos EUA. No total, a nível global, os números do box-office são ainda mais redondos: 444,1 milhões de dólares. Em Portugal, a tendência e sucesso mantém-se, uma vez que o confronto destes super-heróis foi o filme mais visto no fim de semana de estreia com mais de 120.000 espetadores.
The Boys. Depois de “Gen V” e “The Boys Presents: Diabolical”, vem aí nova prequela baseada neste universo. Chama-se “Vought Rising”, vai passar-se nos anos 50 e será protagonizada pelos atores Jensen Ackles (Soldier Boy) e Aya Cash (Stormfront). Mas enquanto não estreia, a The Hollywood Reporter compilou uma lista com 7 séries para quem estiver órfão destes super-heróis.
🎥 Let’s look at the trailer
Séries
“The Penguin” (Max)
“Dexter: Original Sin” (SkyShowTime)
“The Lord of the Rings: Rings of Power” T2 (Prime Video)
“Like a Dragon: Yakuza” (série live action da famosa saga de videojogos, Prime Video)
Filmes
“A Complete Unknown” (Timothée Chalamet a fazer de Bob Dylan, do realizador de “Walk the Line”)
“Spellbound” (de animação, na Netflix, do criador de “Toy Story” e um dos realizadores de “Shrek”)
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