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Durante muito tempo, as séries e filmes mais populares vinham obrigatoriamente de mercados como os EUA e o Reino Unido, que concentravam as principais produtoras e, em última instância, grande parte do investimento que os estúdios faziam nos projetos que chegavam aos cinemas ou às nossas televisões.
No entanto, nos últimos anos, a propagação do streaming um pouco por todo o mundo levou a que houvesse uma aposta cada vez maior em conteúdos noutros idiomas e que regiões como Espanha, países da América do Sul ou a Coreia do Sul se tornassem muito atrativas para a indústria do entretenimento. Pegando no caso espanhol, que é um dos maiores sucessos da Netflix, basta olharmos para “La Casa de Papel”, “Elite” ou mesmo para o mais recente “O Silêncio” que, na última semana, foi a segunda série mais vista no mundo inteiro na plataforma de streaming.
Com estes exemplos na vizinha do lado, é normal que por cá se questione quando chegará o momento de Portugal ter também uma série que possa ter esse tipo de impacto global. Já faz quase 8 anos desde que a Netflix entrou no nosso país e, até agora, o cenário para o um potencial “hit” lusitano não parecia muito animador.
No ano passado, “Glória” foi a primeira série original portuguesa na Netflix e tentou tirar proveito da maior infraestrutura e recursos para passar fronteiras, mas acabou por não ter o alcance que se calhar ambicionava e não resolveu alguns dos desafios narrativos que costumam ser apontados a várias produções portuguesas.
Com “Rabo de Peixe”, que chegou esta sexta-feira (26 de maio) ao serviço de streaming, tudo indica que a conversa pode ser outra e foi sobre isso que falámos no episódio mais recente do podcast que juntou o João Dinis, a Mariana Santos e o Miguel Magalhães.
Algumas ideias-chave da nossa conversa:
A ligação com a realidade: a história da série baseia-se num evento real que decorreu em junho de 2001, na qual dois traficantes de droga italianos, que estavam a atravessar o Atlântico foram obrigados a atracar na costa de São Miguel, nos Açores, mesmo à beira da vila de Rabo de Peixe com quilos e quilos de cocaína. Rabo de Peixe já era uma das zonas mais pobres de Portugal e este episódio acabou por dar origem a uma epidemia que ainda hoje tem repercussões.
A história propriamente dita: gira à volta de um grupo de quatro amigos nos seus vintes - Eduardo (José Condessa), Silvia (Helena Caldeira), Rafael (Rodrigo Tomás) e Carlinhos (André Leitão) - que são um reflexo da falta de oportunidades em Rabo de Peixe e para quem a droga que chega à costa representa a chance de terem uma vida melhor. Contudo, transformarem a droga em dinheiro que podem usar vai colocá-los em confronto direto com a máfia e também com a Polícia, o que torna esta história numa espécie de gato e rato que, com a devidas diferenças, poderá ser a nossa versão de um “Narcos” ou de “Ozark”. Quem sabe.
O restante elenco: Temos Pêpê Rapazote como narrador e personagem, Maria João Bastos, Kelly Bailey, Salvador Martinha, Albano Jerónimo, Benedita Pereira, Afonso Pimentel e Daniela Ruah. Tudo nomes que agoiram algo de bom e que cumprem na perfeição o seu papel na série.
A diferença para outras produções portuguesas: apesar de ter um orçamento acima da média, o grande fator X da série parece ser mesmo o tempo alocado a construir as personagens e os contextos onde elas aparecem. “Rabo de Peixe” foi filmado em apenas dois meses, mas os diálogos não parecem forçados, os arcos das personagens fazem sentido e mesmo a utilização de inglesismos ou de algum vernáculo não surge de forma gratuita. E aqui só podemos dar os parabéns ao realizador Augusto Fraga, natural dos Açores, que tinha carreira no mundo da publicidade em marcas como a Apple e a Mercedes, e à equipa de guionistas composta pelos escritores João Tordo e Hugo Gonçalves.
A melhor série portuguesa de sempre? Os sete episódios que compõem a primeira temporada são do melhor que já foi feito em território nacional e dão abertura inclusive para uma segunda temporada. Agora é esperar pelas reações no mundo inteiro.
O nosso episódio sobre “Rabo de Peixe” está disponível na Apple Podcasts, no Spotify e nas plataformas habituais.
Uma semana de despedidas
Nos próximos dias vamos dizer adeus a séries que fizeram parte das nossas vidas, portanto não vai ser uma semana fácil. A não ser para as pessoas que esperam pelo fim de temporadas para as começar a ver. Nesse caso ainda têm uns dias antes de começarem a sofrer por antecipação.
The Marvelous Mrs. Maisel (sexta-feira, 26 de maio na Prime Video): A quinta temporada está a ser a todos os níveis uma incrível forma de nos despedirmos de Midge Maisel e companhia e termina com o nono episódio.
Barry (segunda, 29 de maio na HBO Max): a popular personagem criada por Bill Hader valeu-lhe vários prémios ao longo dos últimos anos e vai certamente ficar na memória.
Succession (segunda, 29 de maio na HBO Max): diretamente para o Olimpo da séries e ao contrário de “Maisel”, a sensação é que a Família Roy nos vai deixar em sofrimento, apesar do 88 minutos já anunciados para o último episódio. Teremos episódio de recap a sair na próxima terça-feira.
Ted Lasso (quarta-feira, 31 de maio na Apple TV+): apesar de esta temporada estar abaixo das outras e de o fim não ter sido oficialmente confirmado, Jason Sudeikis e os restantes produtores da série já afirmaram várias vezes que a série foi pensada para 3 temporadas. Talvez o último episódio nos dê mais certezas do que dúvidas.
Créditos Finais
O que se passou no mundo da cultura pop e da Internet
Tina Turner. Uma das maiores artistas de todos os tempos faleceu esta quarta-feira aos 83 anos. Fica o seu impacto cultural, nos direitos das mulheres e, claro, as músicas que vão perdurar por várias gerações. (SAPO24)
A Pequena Sereia. O live-action da Disney estreou esta quinta-feira nas salas de cinema portuguesas com críticas ambíguas. Há o destaque para a performance de Halle Bailey como Ariel, mas o filme parece não acrescentar muito. (Variety)
Succession. Na antecâmara do fim da série, Brian Cox, que protagonizou o líder da família Roy, disse que a sua personagem poderá ter desaparecido de cena demasiado cedo (BBC)
Citadel. A série da Prime Video, protagonizada por Richard Madden e Pryanka Chopra Jonas foi renovada para uma segunda temporada. (Deadline)
O Regresso de Jedi. O Episódio VI da trilogia original de Star Wars celebra esta sexta-feira 40 anos desde que chegou às salas de cinema. (The Guardian)
Marvel. A greve dos argumentistas está a levar os estúdios a tomar algumas decisões complicadas. No caso da Marvel, teve de interromper a produção de “Thunderbolts” e “Deadpool 3” terá de prosseguir com as filmagens sem que nenhuma alteração aos guiões possa ser feita. (The Verge)
Barbie. Já há soundtrack para o filme de Greta Gerwig, protagonizado por Margot Robie e Ryan Gosling. (Billboard)
Let’s Look at the trailer
Hijack (Apple TV+). O novo filme de Idris Elba.
No Hard Feelings (Cinemas). Uma comédia com Jennifer Lawrence.
How To with John Wilson (HBO Max). A terceira e última tempora
da da popular série.
I Think You Should Leave (Netflix). A terceira temporada da comédia com Tim Robinson.
Transformers: Rise of the Beasts (Cinemas). O sétimo filme da saga “Transformers” está a caminho.
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