“Codex 632”, co-produção entre a RTP e a GloboPlay, é a série em destaque no podcast Acho Que Vais Gostar Disto desta semana, numa conversa que foi de José Rodrigues dos Santos (autor do livro que deu origem à série) às motivações de Pedro Álvares Cabral antes de "arrancar" para o Brasil.
“A Ilha das Trevas” (2002) foi o romance de estreia, “A Filha do Capitão” (2004) continuou o percurso naquela forma narrativa, mas foi “Codex 632” (2005) que verdadeiramente catapultou o jornalista e escritor José Rodrigues dos Santos para os tops de vendas e além-fronteiras. Na altura, o conhecido pivô da RTP foi criticado por a obra ter “algumas” parecenças com os livros de Dan Brown, autor de “O Código Da Vinci”, que saiu uns anos antes, e de sugerir teorias que vão contra aquilo que aprendemos e é lecionado na escola sobre os Descobrimentos.
O livro introduz a série do autor português protagonizada por Tomás Noronha, um professor de História da Universidade Nova de Lisboa, que é também um perito em criptanálise e línguas antigas. De forma sumária, o romance tem o seu maior apelo por sugerir uma tese que contradiz a história com base numa investigação levada a cabo por José Rodrigues dos Santos: a verdadeira origem e a real missão de Cristóvão Colombo no século XV (sugere que é português).
Ouve aqui episódio de “Codex 632”
Volvidos 20 anos (e 12 livros pelo meio), a saga chega à televisão pela mão da RTP e da Globoplay, a plataforma de streaming da gigante brasileira Globo, em formato minisérie (6 episódios, 42 minutos cada). O elenco tem vários nomes conhecidos, tanto nacionais como do país irmão: Deborah Secco, Alexandre Borges, Betty Faria, Miguel Nunes ou José Mata são apenas alguns deles.
Sinopse oficial da série: Tomás de Noronha (Paulo Pires) é professor de História e especialista em criptologia. É contratado por uma fundação ítalo-americana para descodificar a investigação do seu mentor, que morreu no Rio de Janeiro em circunstâncias pouco claras, o que leva a polícia a tratar o caso em segredo e a considerar a hipótese de homicídio. A atravessar uma crise no casamento, Tomás tem problemas financeiros e uma filha, Margarida (Leonor Belo), com Trissomia 21 que precisa de muitos cuidados, o que o leva a aceitar o trabalho, sem saber que a investigação pode mudar a perceção que temos da nossa História, ameaçando poderes instituídos e interesses económicos instalados. E quanto mais perto estiver da verdade, mais perigo irá correr.
O primeiro episódio de “Codex 632” estreou no dia 2 de outubro e não demorou até recuperar algumas críticas antigas e gerar (novamente) polémica. A mais notória, de momento, talvez seja aquela que opõe José Rodrigues dos Santos e o investigador Roger Lee de Jesus. Tudo começou quando o primeiro deu uma entrevista à RTP2, e depois o segundo utilizou a X, o ex-Twitter, para escrever que José Rodrigues dos Santos estava “a difundir teorias da conspiração da História, sem qualquer sustento nem credibilidade”. Não demorou muito até o jornalista português defender-se via artigo — artigo esse a que Roger Lee de Jesus respondeu com outro artigo a contar a sua versão.
Mas críticas de académicos à parte. Sobre a série, no episódio do Acho Que Vais Gostar Disto, João Dinis relembra que o próprio autor admitiu que dá mais foco à história do que propriamente à forma como a escreve. Por isso, “gostava” que na série tivesse acontecido o mesmo. “O que eu senti neste primeiro episódio foi: nós sabemos a história que vai acontecer, porque pesquisámos e temos ideia do que trata o livro. Mas tenho dúvidas que alguém que nunca tenha lido o Codex 632 veja este episódio e a perceba”, diz.
“A sequência inicial está muito fixe, com os drones, e eu sei que é fácil impressionar, mas deixa-te com alguma vontade [em saber mais]. Eh pá, o que é isto? Mas sinto que os 35 minutos a seguir podiam ter-me dado mais pistas do que vai acontecer depois, porque a série só tem seis episódios”, remata.
A companheira de podcast de João Dinis, a Mariana Santos, também sentiu que o guião baralha a história que se quer contar. “Até mesmo a contextualização das próprias personagens; há ali alturas em que não sei como é que determinada pessoa surgiu, não sei bem quem é que determinada pessoa é”.
Por seu turno, Miguel Magalhães acrescenta - mesmo tendo noção que o “orçamento”, pois “é claro que isto envolve sempre dinheiro”, acaba por condicionar sempre a produção destas adaptações que envolvem períodos históricos -, que podia ajudar, “ainda que fossem só dois ou três minutos”, algum “momento que te levasse para essa parte histórica”, especialmente neste caso particular e tão importante da “história portuguesa como os Descobrimentos”. Como está, pelo menos neste primeiro episódio, é da opinião que o espetador fica “sem perceber muito bem se a [série] é sobre o Tratado de Tordesilhas ou se é sobre o Cristóvão Colombo”. Mariana reforça este ponto também. “Para mim, neste momento, até é mais sobre o casamento dele [de Tomás Noronha, a personagem principal, de Paulo Pires]. Ele está farto da mulher, ela está farta dele”.
Ainda assim, apesar destes apontamentos menos positivos, o trio recomenda a visualização e acredita que este tipo de adaptações deve acontecer — independentemente das críticas ou dos aspectos menos bons que apontaram. “Eu acho que falta fazer mais coisas destas; quanto mais se fizerem, melhor vão sair”, diz João Dinis. “Tens um livro que vende milhares de exemplares, é um livro escrito por um escritor português e não tentas pelo menos adaptá-lo? Eu acho que faz sentido, independentemente se gostas ou não do livro”, justifica.
O nosso episódio sobre de “Codex 632” já está disponível na Apple Podcasts, Spotify e Popcasts.
Nos créditos finais, falámos sobre: os 20 anos de Kill Bill e de Lost in Translation (SkyShowtime), Kim vs. Kanye: The Divorce (HBO Max), Coup de Chance (o novo filme de Woody Allen nos cinemas) e de Loki (Disney+).
Se não tiveste oportunidade de ler umas das newsletters anteriores ou ouvir os respetivos episódios de podcast, podes encontrá-los aqui.
👀 Atenção, navegação! Chegámos à Popcasts 🎧
O Acho Que Vais Gostar Disto, podcast de cultura pop da MadreMedia, pode agora ser ouvido também no Popcasts, a plataforma portuguesa de podcasts do Grupo Renascença.
Para além de Spotify, Apple Podcasts e outras plataformas, podes agora ouvir as melhores sugestões e discussões sobre séries e filmes AQUI.
🎃 Agenda para (um pouco spooky) outubro
Se setembro é sinónimo de vários regressos (aulas, trabalho, etc), outubro é aquele mês em que o Halloween chega para pregar uns valentes sustos! Pelo menos, em teoria.
Créditos Finais
Notícias no mundo e da cultura pop
Nobel da Literatura. A Real Academia Sueca das Ciências atribuiu o Prémio a Jon Fosse, escritor norueguês, pela "sua inovação em peças e prosas e por dar voz aos indizíveis". (SAPO24)
Globos de Ouro. A 27.ª Gala decorreu no último domingo. Vê ou relembra todos os vencedores. (SIC Notícias)
David & Victoria Beckham. O documentário da família já estreou na Netflix e há uma parte caricata que está a gerar interesse nas redes sociais: aquela em que o ex-futebolista diz à mulher para “ser honesta” quanto ao facto de ter nascido “numa família de classe média”. (Hollywood Life)
Snoop Dogg. O rapper partilhou um vídeo da sua neta nas redes sociais que chamou a atenção de alguns portugueses: é que a pequena tinha vestido a camisola do Benfica. (Blitz)
6 anos de #MeToo. Novo inquérito sugere que há melhorias, mas a má conduta nos locais de trabalho ainda persiste. (IndieWire)
Cyberpunk 2077. A produtora das séries “True Detective”, “Mr. Robot” e dos filmes “Spotlight” e “The Revenant” vai trabalhar no live-action do famoso videojogo da CD PROJEKT RED. (Blog Oficial)
Paris Hilton. A A24 vai adaptar o livro de memórias da socialite. (IndieWire)
João Pedro Pais. Da luta olímpica para os palcos: músico completa 25 anos de carreira e festeja nos Coliseus. (TVI)
Breaking Bad. Vince Gilligan, o criador da série que nos deu Walter White e Jesse Pinkman, deu umas luzes sobre o seu próximo trabalho para a Apple TV+, com Rhea Seehorn (a Kim) : “Não há crime, e não há metanfetamina”. (Variety)
DC Universe. James Gunn confirmou as três estrelas que vão continuar a desempenhar os seus papéis no universo da DC. (The Hollywood Reporter)
Taylor Swift: Eras Tour. O filme-concerto da norte-americana já arrecadou 100 milhões de dólares na pré-venda de bilhetes. (Variety)
Let’s look at the trailer
Let’s look at the trailer
Priscilla (Cinema, novo filme de Sofia Coppola)
All The Light We Cannot See (Netflix, adaptação do livro de Anthony Doerr, vencedor de um Pulitzer)
Thanksgiving (Cinema, terror, de Eli Roth - “Hostel”, com Addison Rae, a famosa influencer do TikTok)
Leave The World Behind (Netflix, filme sobre uma catástrofe natural com Julia Roberts, Ethan Hawke e Mahershala Ali)
LEGO Jurassic Park: The Unofficial Retelling (Remake do filme de Steven Spielberg numa versão LEGO de 22 minutos)
Horizon: An America Saga (Cinema, um western épico com Kevin Costner)
Silent Night (Cinema, filme natalício do veterano John Woo com vibes de John Wick. Sem diálogos, só ação)
The Beekeeper (Cinema, filme de ação com Jason Statham)
Enviem as vossas sugestões para vaisgostardisto@madremedia.pt ou deixem nos comentários.
SIGAM-NOS NAS REDES SOCIAIS
Instagram, Twitter e TikTok em @vaisgostardisto
Subscreve o nosso canal de YouTube em @vaisgostardisto