Esta semana, não havia falta de temas que mereciam uma review mais aprofundada. As reações iniciais a “Agatha All Along” da Disney+ têm sido muito positivas e podem ser um bom sinal para a Marvel no mundo da televisão. Os novos episódios de “Slow Horses” na Apple TV+ provam que continua numa liga muito exclusiva de melhores séries da atualidade. Na Netflix, “Monsters: The Lyle and Erik Menendez Story”, um novo projeto do produtor Ryan Murphy (“Glee”, “American Horror Story”), já cavalgou para os tops da plataforma mesmo recebendo reações mistas por parte da crítica.
Todas estas séries apresentaram argumentos fortes para merecer a nossa atenção, mas escolhemos falar de um filme que ainda nem chegou ao Top-10 da Netflix. Se tudo correr bem, no final deste texto cumprimos o nosso papel para mudar essa tendência. “As Três Filhas” é uma longa-metragem escrita e realizada por Azazel Jacobs que entra naquela categoria de projetos lançados pela gigante do streaming para nos lembrar que também sabe fazer filmes de qualidade. Mas já aí vamos.
Com um elenco composto por Elizabeth Olsen (Wanda Maximoff no universo da Marvel), Natasha Lyonne (“Orange Is The New Black”, “Poker Face”) e Carrie Coon (“The Leftovers”), a história decorre em Nova Iorque e apresenta-nos três irmãs afastadas, que se reúnem na casa em que cresceram e onde o seu pai está à beira da morte. Olsen é Christina, a mais nova, que mora a “milhares de quilómetros de distância” e que aparentemente vive a vida perfeita com um marido e uma filha bebé. Coon é Katie, a irmã mais velha de Christina, que enfrenta uma crise de maternidade com a adolescência dos filhos. Lyonne é Rachel, a “irmã” mais irreverente, filha da segunda mulher do pai de Christina e Katie, com quem continuou a viver nos últimos anos à medida que a sua doença foi progredindo.
90% por filme passa-se num T4 onde as irmãs vão tirando turnos a monitorizar o estado do pai, com a ajuda de enfermeiros que, dia após dia, as vão alertando para se irem preparando para a despedida. É um espaço que tinha tudo para criar alguma claustrofobia ou até monotonia no que diz respeito à variedade de planos e de ângulos que podiam ser filmados, mas Jacobs faz um ótimo trabalho a garantir que ao longo de 100 minutos nem perdemos muito tempo a pensar nisso e que estamos quase sempre focados na interação entre as irmãs. Aliás, o trabalho de câmara é como se alguém estivesse a gravar uma peça de teatro e fizesse o seu melhor trabalho para identificar momentos e enquadramentos para mostrar as personagens da melhor forma possível.
Como a rápida sinopse indica, “As Três Filhas” aborda o tema do luto, mas sobretudo o conceito de família e o que liga estas pessoas para além dos seus genes. Devido ao afastamento, cada irmã tem uma ideia pré-concebida do que é a realidade das outras: há temas mal resolvidos, temas que nunca chegaram a ser discutidos e temas que a distância fez que nunca chegassem a ser temas. O contexto trágico em que se encontram dá-lhes a oportunidade de irem tendo essas conversas de uma forma que nos permite ficar a conhecê-las um pouco melhor.
As três atrizes principais estão brilhantes a explorar as diferentes dinâmicas entre elas e a elevar um filme relativamente simples a outro patamar. É raro um filme de setembro e do streaming acabar como um dos nomeados dos prémios de Hollywood, mas este pode já ser uma das apostas para surpreender. O que nos traz ao tema do segundo parágrafo deste texto. É normal que filmes como este não tragam tanta audiência como as apostas da Netflix em comédias mais simples ou em filmes de ação série B, mas às vezes não devia ser tudo sobre números. Era bom tratar projetos com alguma mensagem não como uma espécie de pro bono do mundo do entretenimento, mas como algo que devia ser uma parte ativa da estratégia de catálogo desta e de qualquer plataforma de streaming.
“As Três Filhas” custou 7 milhões de dólares à Netflix para garantir a sua distribuição e é normal que mereça uma atenção inferior a um filme do Zack Snyder ou do Adam Sandler que custou pelo menos 10 vezes isso. Mas é uma pena se acabar por ser mais uma vítima de um algoritmo que não o considera apelativo o suficiente para recomendar a mais utilizadores.
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