2024 parece ter reforçado a ideia de que estamos a viver o fim da era Peak TV. Mas será que isso significa que foi um ano sem grandes surpresas (pela positiva) e que vai cair no esquecimento? Não, de todo – houve boa televisão a ser feita. Por isso, esta semana e na próxima, revelamos o nosso Top 10 do ano: hoje, as posições #10 a #5, e na próxima edição, as restantes. Já têm um palpite sobre quem vai liderar o nosso ranking?!
Com a ausência de mega-sucessos unânimes, é difícil descrever 2024 como extraordinário. Não foi um desastre, longe disso, mas também não nos trouxe um novo “Breaking Bad” ou “The Wire”. Em vez disso, parece que 2024 se destacou mais pelo regresso de séries já conhecidas (“House of the Dragon e “The Bear”, por exemplo, mas mesmo assim sem o consenso das temporadas anteriores) do que pela originalidade de material novo.
Será isto apenas um reflexo das mudanças na indústria? A retração no mercado, agravada pelas greves de argumentistas e atores em 2023, teve um impacto claro na televisão. Muitos acreditam que a bolha estava destinada a rebentar e, em fevereiro, John Landgraf, conhecido como o “Mayor of Television” e CEO da FX Networks, oficializou o que já se especulava: o fim da era Peak TV. Os números não mentem — em 2023, o número de novas séries originais caiu 14%, algo que não acontecia desde 2009 (à exceção do período da pandemia).
Ainda assim, apesar deste cenário, 2024 trouxe-nos estreias que nos surpreenderam e regressos saudosos que consolidaram o seu lugar entre o que de melhor temos visto nos últimos anos. Hoje, revelamos as posições #10 a #5 do nosso Top 10 de 2024. Na próxima semana, será a vez dos lugares cimeiros e, claro, do tão aguardado pódio.
Consegues adivinhar quem ocupa os primeiros lugares? Enquanto pensas, espreita quem já está no ranking!
10. True Detective: Night Country (T4)
O consenso dos sites da especialidade é que a quarta temporada desta série de antologia é a que mais se aproxima da qualidade da era Matthew McConaughey-Woody Harrelson. Por aqui, estamos inclinados a concordar — tanto que escrevemos sobre ela e até lhe dedicámos um episódio do nosso podcast. A realizadora e argumentista Issa López assumiu as rédeas, levou a história para o Alasca e combinou o sobrenatural com o estilo policial. O resultado? Com a ajuda de Jodie Foster e Kali Reis, criou um dos pontos altos de 2024, recuperando as questões existenciais e o realismo cru que caracterizaram a série no seu melhor.
Slow Horses (Apple TV+)
Com a sua habitual dose de humor britânico mordaz e uma visão desencantada da espionagem, "Slow Horses" regressou para uma quarta temporada, reforçando o seu estatuto entre as melhores do género — e do ano. No epicentro dos novos episódios está River Cartwright (Jack Lowden), que se vê em sarilhos quando o avô (Jonathan Pryce), uma espécie de lenda do mundo dos espiões, começa a sucumbir à demência, ao mesmo tempo que Hugo Weaver vem agitar aquilo que já é o caos. No entanto, é Jackson Lamb, interpretado de forma brilhante por Gary Oldman, que continua a ser o pilar genial por detrás deste desajeitado grupo de espiões da Slough House (é imaginar o "fundo do poço" do MI5). O maior pecado destes "cavalos"? Não estarem numa plataforma mais popular em Portugal, o que talvez explique a pouca atenção que têm recebido.
X-Men 97 (Disney+)
Muito se tem escrito ao longo dos últimos anos sobre a Marvel e sobre como perdeu parte do seu rumo após "Endgame", com o aparecimento de novos heróis e a produção de séries para a Disney+. Mas na animação não há nada a apontar. Desde o universo "Spiderverse" a "What If", este tem sido um género onde a Marvel tem sabido reinventar-se.
"X-Men '97" é o regresso triunfal de uma das séries animadas mais amadas dos anos 90, trazendo de volta os mutantes que moldaram gerações. Fiel à essência do original, mas com toques modernos, a série equilibra nostalgia e relevância, explorando temas universais como preconceito, aceitação e a luta por um mundo melhor. A narrativa continua de onde a série clássica parou, com o desaparecimento de Charles Xavier, mergulhando novamente no drama e na ação que marcam as histórias dos X-Men. Personagens como Wolverine, Tempestade, Jean Grey e Magneto voltam a brilhar, com personalidades complexas e momentos emocionantes. A animação modernizada honra o estilo da época, enquanto a banda sonora, incluindo o tema original, transporta os fãs para a energia dos anos 90. Se cresceste com a série ou estás a descobrir este universo pela primeira vez, "X-Men '97" é uma experiência imperdível. Mais do que uma continuação, é uma celebração do que tornou os X-Men uma parte tão querida da cultura pop.
The Gentleman (Netflix)
Inspirada no universo do filme homónimo de Guy Ritchie, “The Gentlemen” é mais uma expansão espiritual do que uma verdadeira continuação. A série mergulha novamente no mundo dos aristocratas britânicos que gerem impérios criminosos sob uma fachada de pompa e circunstância, mas vive por si própria e não obriga a ver nada em jeito de preparação (embora tenha as suas referências). E tem tudo aquilo que se espera do seu criador: humor ácido em situações tensas, muita excentricidade nas suas personagens, edição de corte rápido e conversa à velocidade de uma corrida de Fórmula 1.
Se é perfeita e é aquilo que se espera num Top de fim de ano? Ora, a verdade é que “The Gentlemen” pode não reinventar a roda, mas é entretenimento puro — e eficaz. O tempo passa, os episódios veem-se e não damos por ela. Para aqueles dias em que o que procuramos é apenas uma boa distração, cumpre a sua missão com distinção. Uma série é arte, mas convém não esquecer que também é entretenimento. E esta tem muito do último. E é por isso que faz parte desta lista.
Baby Reindeer (Netflix)
“Baby Reindeer” surpreendeu tudo e todos ao tornar-se uma das grandes revelações da Netflix em 2024. Criada e protagonizada pelo humorista escocês Richard Gadd, a série adapta a sua peça semi-autobiográfica apresentada no Edinburgh Fringe Festival, e conta uma história que desafia toda e qualquer expectiva pré-concebida que se possa ter. O que inicialmente parecia ser um drama criminal com nuances de comédia negra transforma-se rapidamente numa exploração perturbadora de questões de saúde mental, traumas e abuso, com cenas graficamente intensas que tornam a experiência de visualização muito dura, mas profundamente impactante.
Lançada em abril, virou rapidamente fenómeno global, com quase 60 milhões de visualizações apenas no primeiro mês. Acabaria por receber 11 nomeações para os Emmys, vencendo o principal galardão na sua categoria (“Melhor Minissérie”), com prémios adicionais para Gadd (Melhor Ator e Argumentista) e Jessica Gunning, que brilhou no papel da stalker Martha e arrebatou o Emmy de Melhor Atriz Secundária. A sua inclusão nesta lista é óbvia: não dá para falar de 2024 e de séries e não de falar “Baby Reindeer”. E ainda que não tenha sido o tema principal, também falámos dela no nosso podcast na rúbrica Créditos Finais.
Na próxima semana: o pódio e as surpresas do Top 5!
Agora que já conhecem as primeiras posições, quais acham que vão ocupar o topo da lista?
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🎞️ Na Internet, no mundo e na cultura pop
Rabo de Peixe. O livro oficial da série portuguesa mais vista de sempre conta com entrevistas e fotografias exclusivas. O SAPO24 publicou algumas páginas, que podes ver aqui.
Mr. & Mrs. Smith. Mark Eydelshteyn, que vimos recentemente em “Anora”, é o primeiro ator a ser oficialmente confirmado para a 2.ª temporada da série da Prime Video.
NOS Alive. Os norte-americanos “Foster The People” são a nova confirmação do festival de Algés.
Spotify Wrapped 2024. Slow J e Taylor Swift são os mais escutados do ano no Spotify em Portugal.
Mulheres canções de 2024. O britânico The Guardian elegeu o seu top com as melhores 20 canções do ano.
League of Legends. A Riot Games anunciou que o popular videojogo vai ter um jogo de cartas físicas, ao estilo de Magic, chamado Project K.
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American Primeval (Netflix)
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