Acho Que Vais Gostar Disto: Afinal de contas
Olá! Na newsletter de hoje vamos tentar escapar ao tema que está a ser o tópico de todas as conversas: a chuva, claro. Agora a sério, enquanto esperamos que os americanos escolham o seu próximo Presidente, deixo-te com um clássico que tinha em falta, com o documentário que serve de exemplo para estas eleições dos EUA e com uma série de comédia para qualquer fã de desporto. Para leres já de seguida!
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Aumentando a minha cultura geral
Nesta quinta-feira, celebrou-se o Dia Mundial do Cinema e, como tal, decidimos organizar na página de Instagram da newsletter um bingo cinematográfico. A ideia passou por publicar no nosso feed a imagem de um boletim com 20 filmes clássicos e descobrir entre nós e os nossos seguidores quantos é que já tínhamos visto, partilhando o resultado nas stories. E se ter visto 14 dos 20 filmes não deixa de ser aceitável, a verdade é que olhar para aqueles onde não tinha colocado uma cruzinha me despertou a questão: “Como é que eu ainda não vi isto?”
Um desses clássicos era “A Laranja Mecânica” de 1971, realizado por Stanley Kubrick, que passou a merecer uma cruzinha a partir da manhã desta sexta-feira. A história decorre numa sociedade distópica inglesa num futuro não muito distante, onde o protagonista Alex, (Malcolm McDowell) um jovem, fã de Beethoven, lidera uma gangue que comete todo o tipo de crimes, nomeadamente assaltos a casas de famílias abastadas um pouco por toda a cidade. Mas desengane-se quem o imagina como uma espécie de Robin dos Bosques porque Alex é inerentemente malévolo e não tem problemas em escondê-lo, mesmo no papel de narrador do filme, no qual mostra satisfação pelos atos violentos do qual faz parte.
Num deles, Alex acaba por ir longe demais e assassina acidentalmente uma mulher enquanto assalta a sua casa. Depois de ser abandonado pelo seu gangue, o jovem é apanhado pela polícia e sentenciado a 14 anos de prisão. Mas a vida atrás das grades não é boa para ninguém, mesmo quando se é mau, . Por isso, passados dois anos, Alex decide recorrer a uma experiência chamada Tratamento Ludovico, cujo propósito era transformar almas degeneradas em pessoas boas e libertar os prisioneiros que participassem com sucesso do seu restante tempo de pena. Contudo todo o processo acaba por parecer mais controlo de pensamento que outra coisa e deixa dúvidas sobre se quando Alex volta à vida em sociedade está ou não a fazer escolhas por si próprio.
O filme tem um tom pesado e, ao abordar temas como a ética, a psicologia e a violência, está naquele lote (ao qual “Joker” se juntou recentemente) que cria dois tipos de reações opostas: um lado que o critica por glorificar a violência e por poder legitimar que esta aconteça na realidade; e um lado que o vê como uma reflexão sobre o que é a bondade e o livre-arbítrio e um espelho do mundo e das decisões que são tomadas no dia-a-dia.
Que língua é esta? Alex narra o filme em Nadsat, um intelecto criado de propósito para a história e que junta uma espécie de russo, inglês e um inglês “calão”, portanto é normal que às vezes tenhas de estar atento/a às legendas.
Nomeado para três Óscares: de melhor Filme, de Melhor Realizador e de Melhor Argumento Adaptado (do livro de 1962 de Anthony Burgess com o mesmo nome). Acabou por não vencer nenhum deles.
Onde ver: em Portugal, o filme está disponível para aluguer apenas no YouTube.
Mais do mesmo ou talvez não
Têm sido noites mal dormidas para quem tem acompanhado as eleições americanas, não têm? Ainda para mais com uma participação nunca antes vista, desde que um conjunto de pessoas decidiu mandar uns barris de chá para o mar em Boston há uns séculos. Pode dizer-se que a indecisão vai manter-se mesmo até à última, tal foi o tempo que teremos de esperar para ter a confirmação de um resultado final. A introdução do voto por correspondência, necessária devido às condições de perigo criadas pela pandemia, já indicava que estas seriam umas eleições mais longas do que aquelas às quais estávamos habituados, pois significava que muitos milhões de votos não poderiam ser contabilizados nas milhares de assembleias de voto espalhadas por todo o país.
Este mecanismo foi escolhido maioritariamente por Democratas, enquanto o voto presencial foi privilegiado por Republicanos, o que explica o porquê de ao longo de quase três dias, termos visto uma evolução significativa nos resultados projetados em vários estados (os votos presenciais foram contados primeiro e só depois os por correio). Entre celebrações precoces de vitória, choros para que os votos parassem de ser contados, acusações de fraude eleitoral e pedidos de paciência, Joe Biden ainda não foi confirmado como Presidente à data da publicação desta newsletter, adiando o gáudio de milhões de pessoas que anseiam por voltar a ter alguma esperança nos EUA enquanto país. E agora perguntas (e com razão): “O que é que isto tem a ver com a tua sugestão de hoje?”
Bem, há vinte anos houve umas escolha presidencial americana que em tudo se assemelha a esta e que não só demorou 35 DIAS a ser resolvida após o dia de eleições, como os votos que separaram os dois candidatos foram apenas 537, número que dá o título ao documentário “537 Votes” que estreou na HBO Portugal na semana passada. Do lado democrata, Al Gore (Vice-Presidente de Bill Clinton) e do lado republicano George W. Bush (cujo pai já tinha sido presidente americano uns anos antes). Lutaram pela eleição numa América dividida em que tudo se decidiu no estado da Flórida. Provavelmente, já sabes quem acabou por sair vitorioso, mas não estás familiarizado com a sucessão de eventos que levaram a isso: um jovem imigrante cubano encontrado no mar, um mayor que traiu o seu partido, uma recontagem de votos e ainda um protesto magistralmente encenado.
O que me chamou a atenção: um dos produtores-executivos do documentário é Adam Mckay, responsável por filmes como “The Big Short” e “Vice”.
Continua a acompanhar: os próximos dias trarão certamente desenvolvimentos sobre as eleições americanas e poderás acompanhar tudo neste especial do SAPO24.
Football ou Soccer, eis a questão
É a eterna discussão entre adeptos americanos e ingleses há dezenas de anos. Como sabemos, de um lado do Atlântico, o futebol tem uma bola mais oval e a pancadaria faz parte do jogo e do outro a bola é redonda e os jogadores simulam faltas quando ninguém lhes toca. Esta distinção é importante porque dá o mote à série “Ted Lasso” da Apple TV+, que conta a história de um treinador universitário de futebol americano que é surpreendentemente contratado para orientar um clube de futebol digamos normal.
Tudo porque uma mulher descobriu que o seu marido milionário andava a cometer certas e determinadas infidelidades que levaram a um acordo de divórcio no qual lhe tirou aquilo de que ele mais gostava: o clube do qual era dono (e obviamente uma parte da fortuna e mais uma ou outra coisa, mas vamos focar-nos no clube). Ao leme do AFC Richmond, da Premier League, a nova presidente (ou presidenta de acordo com algumas ilustres) tem o objetivo muito simples de fazer tudo para levar o clube ao fundo, castigando ainda mais o seu agora ex-marido.
Para isso chega a uma conclusão bastante lógica: a melhor maneira de a equipa perder é pô-la a ser treinada por alguém que não percebe muito do assunto e que não fará a menor ideia do que fazer com onze jogadores dentro de campo. Podia contratar o canalizador do estádio, mas não só ia ser altamente contestada como ainda corria o risco de este ser fã e saber alguma coisa de bola. Então tinha de arranjar alguém com relativa credibilidade mas que não percebesse nada do jogo. E quem melhor do que um treinador de futebol americano que apenas sabe o nome de um jogador de futebol europeu, um tal de [Cristiano] Ronaldo?
Ted Lasso tem um ar meio tolinho de quem não sabe bem onde é que se foi meter, mas ao mesmo tempo tem uma personalidade amigável que faz com que de uma maneira ou de outra as pessoas de dentro e fora do clube de Londres acabem por simpatizar com ele. A adaptação à vida inglesa não é a mais fácil, especialmente quando a relação com a sua mulher está em stand by, no entanto, com tudo para correr mal, às tantas até pode dar resultado.
De Ad para Mad Men: Ted Lasso começou por ser uma personagem criada para spots publicitários cómicos para os jogos da Premier League que eram transmitidos no canal americano NBC, em 2013. Protagonizado pelo ator Jason Sudeikis, as campanhas de Lasso foram tão bem-sucedidas que, em 2017, começou a ser desenvolvida uma série à sua volta que acabaria por estrear no serviço da Apple em agosto deste ano.
Não há duas sem três : o sucesso da série levou a que, passados apenas cinco dias da estreia da primeira temporada, “Ted Lasso” fosse renovado para uma segunda e, subsequentemente, para uma terceira no final de outubro.
Créditos Finais
Um novo recordista: “Baby Shark” já é o vídeo mais visto do YouTube, ultrapassando o videoclipe de “Despacito” que já era líder há vários anos. Conta com mais de 7 mil milhões de visualizações.
Mais valia estar quieto: No meio da indecisão eleitoral, a marca de roupa americana GAP tentou comunicar com os seus clientes e a coisa não correu muito bem. Aparentemente, promover um casaco metade azul (cor democrata) e metade vermelho (cor republicana) não foi a melhor escolha.
A caminho da Netflix está o clássico programa do humorista americano Dave Chappelle, “Chappelle Show”. Se terá novos episódios, não se sabe.
Lançamentos musicais: Os Capitão Fausto vão estrear em salas de cinema por todo o país um filme concerto com o título “Sol Posto” e lançaram uma nova versão da sua música “Mil e Quinze” agora com o nome “Mil e Vinte”.
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