Acho Que Vais Gostar Disto: O Regresso a um Ninho de Cucos
Esta é uma edição escrita pela pressão. Não porque me esqueci de que os leitores queriam as suas sugestões de meio da semana, mas sim porque vou falar de conteúdos que consumi devido a algum tipo de pressão ou influência, seja pelo hype que estão a receber, seja por recomendação de amigos ou pelo reconhecimento que conquistaram. Curioso? É ler já de seguida.
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Uma série sobre bestas que se torna bestial
Quando, uma semana antes de estrear na Netflix, comecei a ver espalhadas nas redes sociais várias referências que antecipavam a chegada da série “Ratched”, tomei uma nota mental para não me esquecer de espreitar. Sem saber muito sobre o tema, não hesitei em carregar no play quando esta série dos criadores Ryan Murphy e Evan Romansky ficou disponível na plataforma de streaming.
No centro da história, que se passa nos anos 40, está Mildred Ratched (uma prestação incrível de Sarah Paulson), que se torna enfermeira de um hospital psiquiátrico na altura em que este acolhe Eddie (Finn Wittrock), um assassino com uma sensibilidade muito própria, tanto capaz de matar quatro padres sem questionar os seus atos, como de ficar perturbado ao ver um galo ser morto. Os dois têm muito em comum. São órfãos e cresceram juntos como amigos, até ao dia em que uma assistente social decidiu falsear que eram irmãos, para que nunca se separassem. Desde novos que saltaram de família em família de acolhimento e as experiências não foram positivas.
Agora chegou a altura de Ratched dar o seu melhor para proteger Eddie da condenação à cadeira elétrica, ao mesmo tempo que o assassino acaba por se revelar a peça menos perigosa no puzzle que é a série. Entre um diretor do hospital que é perseguido por um erro médico, enfermeiras que implementam tratamentos desumanos e pacientes que buscam a cura para “problemas” como a homessexualidade, esta é uma série onde reina o bizarro.
Os primeiros episódios deixaram-me de pé atrás. Logo eu, que, gostando de thrillers, fico reticente quando estes se aproximam muito do terror (há quem lhe chame ser mariquinhas). O registo é algo semelhante a “American Horror Story”, mas há qualquer coisa nesta série que me fez ver os oito episódios e ficar encantada. Dos outfits impecáveis, às cores que dominam, da banda sonora que só ajuda a aumentar ainda mais a tensão da série às personagens sinistras, há vários aspetos que ajudam a que seja difícil deixar esta história a meio.
Uma prequela depois do tempo: A série é inspirada na personagem da enfermeira Ratched do filme "Voando Sobre um Ninho de Cucos", protagonizado por Jack Nicholson e obrigatório para quem gostou de “Ratched”.
Os tugas orgulhosos: Toda a gente sabe que português que é português gosta de ouvir as referências espalhadas pelo mundo fora, por isso conseguem imaginar a minha felicidade quando, no segundo episódio, falam António Egas Moniz e do seu contributo no avanço da lobotomia.
Uma série que se adora ou se odeia: Das reviews que tenho visto e lido, quer seja por quem percebe do assunto, quer seja por quem é apenas um curioso amador, as opiniões são de extremos. Já viste a série? Partilha comigo a tua opinião.
Voltar onde um dia já fomos felizes
Desde muito nova que comecei a consumir YouTube e criadores de conteúdo internacionais. Subscrevia, não perdia um vídeo e estava a par de todas as tags, vlogs e detalhes da vida privada que eles partilhavam. Cresci com nomes que ainda hoje fazem furor pela internet, como o PewDiePie, mas também com outros que entretanto foram desaparecendo ou com os quais fui perdendo contacto.
Há uns tempos lembrei-me de ir fazer uma visita ao meu antigo e-mail e, consequentemente, à minha conta de YouTube e lista de subscrições, com muita nostalgia. Não foi precisa muita pesquisa, uma vez que o próprio algoritmo não tardou em recomendar-me criadores de conteúdo que faziam parte do meu dia-a-dia há cerca de 10 anos.
Depois de passar horas a consumir todas as sugestões, algumas melhores do que outras, partilho hoje contigo três YouTubers que estão a fazer conteúdos diferentes daqueles que os fizeram crescer no meio e que vale a pena ver, nem que seja para perceber onde é que eles estão agora:
Philip DeFranco: Desde o início do seu percurso na plataforma, há mais de 10 anos, que Phil DeFranco se dedica a fazer aquela que foi uma das primeiras adaptações do mundo das notícias no YouTube. Hoje em dia, o formato não mudou muito, e PhillyD é anfitrião de um dos podcasts de atualidade mais conhecidos no site, o The Philip DeFranco Show. Muito mais do que abordar o mundo das fofocas e da cultura pop, de segunda a quinta-feira, o YouTuber acompanha-nos numa jornada pelas notícias, num tom mais sério, no que diz respeito a cultura, política ou sociedade, com um ênfase especial naquilo que se passa no mundo da internet.
Anthony Padilla: Inicialmente, nesta exploração pelos recomendados, não reconheci o nome. “Deve ser alguém novo por aqui”, pensei eu. Mas a cara não me era estranha. Foi então que me lembrei do canal Smosh, muito conhecido por quem acompanha o YouTube internacional desde cedo. Anthony começou por ser membro da dupla que criava o conteúdo deste canal, que era essencialmente alimentado por vídeos de comédia. Depois do canal ter sido várias vezes considerado como o mais subscrito da plataforma, em 2017, Padilla acabou por abandonar o projeto e enveredou pela criação de conteúdo a solo, com o seu próprio canal homónimo. Hoje em dia, Anthony Padilla dedica-se a uma vertente diferente do YouTube e é especialmente conhecido pela série “I Spent A Day With”, onde documenta um dia passado com diferentes pessoas, que de alguma forma se destacam por terem passado por determinadas situações ou por desempenharem diferentes profissões.
iJustine: Começou por gravar vlogs sem grande temática e é hoje uma das YouTubers de tecnologia de referência em todo o mundo. Se, por um lado, nos primeiros vídeos que fez upload para o YouTube, Justine Ezarik aparecia com uma das primeiras versões do iPhone, hoje em dia, os vídeos que publica são reviews da tecnologia mais recente. Mas, como acontece com a maior parte dos YouTubers, também a criadora de conteúdos cresceu para lá do seu canal original, e recentemente estreou o podcast “Same Brain”, onde olha para as tendências, na companhia da sua irmã, Jenna.
Todos nós temos uma série em falta…
Ou várias, na verdade. Uma das minhas era “Euphoria”. Não porque implicasse de alguma forma com a série sem nunca a ter visto (sim, esta categoria existe, mas vou deixá-la de parte para falar numa outra edição). Sempre quis ver esta série da HBO Portugal, inclusive recebi várias recomendações de amigos que gostaram tanto que andaram espalhar a palavra. Mas foi depois do anúncio dos nomeados aos prémios Emmy que decidi que era hora de me dedicar a “Euphoria”.
É uma série que, sem ser cliché, é a típica série sobre e para adolescentes. A personagem principal é Rue, uma miúda de 17 anos que passou o verão numa clínica de reabilitação e que se aventura agora no regresso às aulas e ao mundo real. Como era de esperar deste género de séries, os episódios acabam por ser um cocktail dramático composto por drogas, sexo, amizades e amor. E, claro, a paixoneta pelo rapaz da escola que é exatamente o oposto de Rue.
Mas mais do que dar a conhecer uma faceta diferente de Zendaya, atriz que interpreta a personagem principal, e que ficou conhecida pelos seus papéis em séries do Disney Channel, “Euphoria” quebra o estereótipo de história que romantiza o uso de drogas. Em vez disso, arrasta-nos pelo mundo decadente do vício nas gerações mais novas e faz-nos querer sair dele.
O brilho de Zendaya: A prestação da atriz é um dos pontos altos da série e valeu-lhe o Emmy para Melhor Atriz numa série dramática. Aos 24 anos, Zendaya tornou-se assim na mais jovem atriz a receber um dos maiores prémios da televisão.
O sucesso muito para além dos episódios: Ainda que tenha saído em 2019, a série fez e ainda faz muito sucesso nos adolescentes, com várias menções recorrentes nas redes sociais. Ainda antes de começar o primeiro episódio, cruzei-me várias vezes com o trend de maquilhagem “Euphoria” no TikTok. Não sabes de que falo? Espreita esta compilação.
Créditos Finais
Ainda sobre os Emmys: A cerimónia que premeia o que de melhor se faz na televisão americana foi no passado fim-de-semana. Se não acompanhaste, podes ler aqui um pequeno resumo sobre os grandes vencedores da noite.
Samuel Úria e as “Canções do pós-guerra”: És fã do artista português? Então não podes perder a entrevista da Rita Sousa Vieira para o SAPO24 onde o tema principal foi o novo disco de Samuel Úria. Para ler aqui.
O K-POP chegou ao Tiny Desk: O grupo sul-coreano BTS, que tem ganho popularidade nos últimos meses, foi o convidado de uma das últimas sessões dos concertos Tiny Desk, publicados no canal de YouTube da NPR Music. Uma sessão mais intimista, para quem está habituado a um mar de fãs, para espreitares aqui.
E se o campeonato português fosse uma plataforma de streaming? A primeira jornada deixou ainda muitas incógnitas, por isso, nada como leres o guia que o SAPO24 fez para a temporada 2020/2021. Descobre aqui quais são os filmes da Primeira Liga que vais querer acompanhar ao longo da época.
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