Acho Que Vais Gostar Disto: Uma questão de interpretação 🤔
Na última semana, a Netflix não esteve nas bocas de todo o mundo pelas melhores razões. Espera, não sabes aquilo de que estou a falar? Podes ler tudo aqui. Esta semana regressamos ao ritmo de duas newsletters por semana e, hoje, não numa tentativa de ser do contra, mas sim por mero acaso, trago-te três sugestões que podem ser encontradas na plataforma de streaming. Para ler já de seguida.
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Na hora dos créditos finais, reina a confusão
O thriller é um género de ficção, caracterizado, muitas vezes, pelo suspense, pela tensão, e pela antecipação. Ora, no thriller de que te vou falar hoje não há, de forma explícita, assassinatos ou grandes mistérios. É, na verdade, uma narrativa relativamente simples, mas já lá vamos. Com o título “I’m Thinking of Ending Things”, traduzido para português com “Tudo Acaba Agora”, é um filme escrito, realizado e produzido por Charlie Kaufman (nome por detrás do incrível “The Eternal Sunshine of The Spotless Mind”), inspirado no livro com o mesmo nome, de Iain Reid.
E porque este é um filme que vive de interpretações, e não propriamente de spoilers, vou contar-te exatamente, de forma detalhada, tudo o que acontece. Jake e a namorada são as duas principais personagens do filme. Conheceram-se há seis semanas, mais ou menos, e vão juntar-se aos pais de Jake naquele que será o seu primeiro jantar enquanto casal.
“I’m Thinking of Ending Things” pode dividir-se, de forma muito superficial, em três momentos: a viagem de ida, o jantar, o regresso a casa. Pelo meio, vemos várias vezes imagens do funcionário de uma escola que desempenha as suas tarefas, personagem que não nos é formalmente apresentada. E se estás a perguntar “É só isto?”. Não, ainda que pareça só isto, o filme é muito mais. Como qualquer bom filme que dá que pensar, tem várias camadas de interpretação e promete ser tema de discussão entre quem já o viu.
A minha interpretação: o filme retrata um surto psicótico e esquizofrénico, em que quase todas as personagens são um produto do imaginário, à excepção de uma. Tens uma opinião diferente? Partilha comigo respondendo a esta newsletter.
Se já viste o filme e quiseres saber mais alguns pontos de vista sobre o enredo ou o desfecho, recomendo-te a review dos canais de YouTube FoundFlix e Think Story.
Do ecrã para o papel: Depois de completar o filme, fui ler a obra que inspirou. As visões de Charlie Kaufman e Iain Reid são diferentes, por isso fica também a sugestão de que te percas nas páginas do livro. (colocar link)
Entre notificações, likes e posts, estamos todos viciados
“Se não compras nada, tu és o produto” é uma das frases que tem me ficou na cabeça nos últimos dias. Uma expressão popular que me tem dado que pensar desde que a vi no documentário “O Dilema das Redes Sociais”, um original Netflix que ocupa há alguns dias um lugar na lista de conteúdos mais vistos da plataforma.
Pela voz de quem realmente percebe do assunto, com o testemunho de especialistas, trabalhadores e ex-trabalhadores das grandes empresas tecnológicas mundiais ligadas à comunicação e às redes sociais, chega como um balde de água fria. Os vários representantes explicam as estratégias utilizadas para nos viciar nas redes sociais e exploram de forma profunda o modo como são as plataformas que nos controlam a nós.
Às intervenções dos especialistas junta-se o lado ficcional do documentário. Os problemas discutidos são representados em cenas de uma família, com as quais muitos de nós nos conseguimos identificar, e onde os algoritmos são representados por três pessoas cujo trabalho é tomar decisões por nós a toda a hora.
Mais do que assustar aqueles que não conseguem ficar uns minutos sem fazer “refresh” nas notificações, passar um dia sem receber likes ou cozinhar um prato sem o publicar numa foto, este documentário é uma forma de consciencializar todos aqueles que, assim como eu, procuram ter uma forte presença online.
Se gostaste deste género: vais gostar de ver “The Great Hack” e “Connected”, disponíveis na Netflix.
O regresso de uma personagem que me diz muito
Há algumas edições, quando te falei da magia das séries mexicanas, por causa da série “La Casa de las Flores”, estava longe de saber que ia ficar viciada numa adaptação da América Latina de uma personagem que me é muito familiar.
“Betty en NY” é um remake em versão telenovela, com algumas alterações, da conhecida série de 2006 “Ugly Betty” (“Betty Feia”), transmitida em Portugal na SIC, que fez parte do início da minha adolescência. Nesta nova abordagem, Betty, Beatriz Rincón, é uma jovem muito inteligente, formada em economia e finanças, com muitas dificuldades em arranjar trabalho devido à sua aparência.
Na grande cidade de Nova Iorque, Betty consegue uma oportunidade para competir pelo trabalho de secretária na empresa de moda V&M. A sua concorrente é Patrícia, uma loira de medidas perfeitas, aparência invejável, melhor amiga de uma das sócias da V&M, e, à partida, muito mais adequada à empresa do que a jovem.
Ao longo de mais de 120 episódios, vamos acompanhar a evolução de Betty na empresa, a paixão que desenvolve pelo seu chefe, Armando, que está prestes a casar, e somos transportados para o ambiente de uma empresa onde reinam as divas e os dramas. Até aqui, não há nada de surpreendente no enredo, mas a verdadeira magia de “Betty en NY” está na interpretação exagerada, que contrasta com o ambiente americano, onde agora todos falam espanhol.
Qual é a melhor versão?: Vi as duas séries, com alguns anos de diferença, mas tenho a dizer que, apesar daquilo que as distingue, qualidade à parte, os traços de novela mexicana são muito mais cativantes.
O verdadeiro original: “Ugly Betty” não é a primeira versão da personagem Betty. Os dois enredos são, na verdade, inspirados na telenovela colombiana “Yo soy Betty, la fea” de 1999. Esta foi considerada pelo Guinness World Records como a telenovela mais bem sucedida da história, por ser transmitida em mais de 100 países, e ser dobrada em mais de 15 idiomas com mais de 20 adaptações.
Créditos Finais
As boas-vindas à Disney+: a plataforma de streaming já chegou oficialmente a Portugal e, num artigo para o SAPO24, o Abílio dos Reis conta-te o que é que esta nova plataforma traz de novo. Espreita aqui.
Depois da silly season: Setembro foi mês de novidades na televisão portuguesa. Do regresso de Cristina Ferreira à TVI, ao de Teresa Guilherme ao Big Brother ou ao de Bruno Nogueira à SIC, o Abílio dos Reis conta-te as principais novidades dos três canais generalistas neste artigo para o SAPO24.
Uma descoberta musical: Há uns dias descobri o site Music Map e não podia deixar de partilhar contigo. Trata-se de uma plataforma que te sugere novos artistas tendo em conta os teus preferidos.
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