Umas vibes de "O Sexo e a Cidade" e vândalos injustiçados
O meu nome é Mariana Falcão Santos e nesta edição de Acho Que Vais Gostar Disto vou falar-vos de séries com parecenças, mas que não são iguais, canais de YouTube que espremem os filmes até à última gota e de uma equipa de investigação implacável. Curioso? O melhor é mesmo ler.
Uma crise de identidade chamada Valeria
“Lembram-se de quando pensávamos que teríamos tudo aos 30 anos?”. Esta é uma das frases que marca o primeiro episódio da nova série espanhola da Netflix, “Valeria”. A comédia romântica estreou há menos de uma semana e, ao longo de 8 episódios, apresenta-nos a personagem principal, Valeria, e o seu grupo de amigas.
Valeria é uma escritora de 30 que está a passar por uma altura mais complicada na vida, marcada por uma crise no seu casamento e pela falta de inspiração para o seu novo livro, algo que a protagonista chama de Síndrome de Impostora. Pelo meio, tenta ajudar as suas três mais-que-tudo nos seus respetivos problemas pessoais, apercebe-se de que não fez aquilo que queria ter feito e conhece um homem especial que a faz contemplar a ideia de traição.
Dos livros digitais para a Netflix: A série é inspirada nos cinco livros da saga “Nos Sapatos de Valeria” de Elísabet Benavent. O primeiro foi disponibilizado pela autora em 2013 na plataforma Amazon e só depois ganhou a sua versão física. A história de Valeria foi um sucesso e a saga vendeu mais de 2 milhões de exemplares.
Mas, afinal, é um remake de “O Sexo e a Cidade”?
Há algumas edições atrás, quando a Netflix partilhou pela primeira vez o trailer da série, referi que as parecenças indicavam que seria uma versão espanhola de “O Sexo e a Cidade”. No que diz respeito ao rumo da história, as semelhanças não são assim tantas. Apesar de Valeria ser mais parecida com a girl next door (que é como quem diz, a rapariga comum), ao analisar as personagens, podemos admitir alguma inspiração na série da HBO. Por exemplo:
- Valeria/Carrie: A protagonista principal é uma escritora que inspira todo o seu trabalho em experiências pessoais e que se apoia, mais do que tudo, no seu grupo de amigas.
- Nerea/Miranda: Uma viciada em trabalho que muitas vezes opta por deixar a vida amorosa de parte;
- Lola/Samantha: Como a própria personagem de Valeria se descreve num dos episódios, é “uma poliamorosa multiorgásmica”, um espírito livre com a mente aberta;
- Carmén/Charlotte: É a amiga mais low profile, não é dada a grandes aventuras mas é um coração mole cuja felicidade depende em grande parte da sua cara-metade;
No final de contas: Esta é uma comparação injusta. É complicado fazer um frente a frente entre os oito episódios da primeira temporada de “Valeria”, que se passa nos dias de hoje e que tem como pano de fundo a cidade de Madrid, e as 6 temporadas e 94 episódios de “O Sexo e a Cidade”, que estreou em 1998 e cuja história de quatro amigas excêntricas no coração de Nova Iorque inspirou tantas outras.
A verdadeira série de conforto: A série da HBO merece ser vista e revista vezes sem conta. É impossível não ver os episódios da mítica história de Carrie Bradshaw e do seu grupo de amigas e não nos sentirmos cativados por personagens cujos problemas oscilam entre encontrar o verdadeiro amor e comprar um par de sapatos caros.
Os filmes dão pano para mangas
Muitas vezes é possível fazer conteúdo tão bom ou ainda melhor do que aquele que lhe dá origem e os conteúdos do The AtZ Show são alguns desses exemplos. No canal de YouTube, que começou a ser alimentado em 2013, o assunto principal é o mundo do cinema e, por isso, está cheio de vídeos para todo o tipo de gostos e curiosidades.
A premissa do conteúdo é mostrar “o bom, o mau e tudo o que está aí no meio”, e é isso que é feito nas três principais rubricas: Endings Explained, para quem tenha curiosidade em perceber melhor o desfecho dos filmes, Easter Eggs, que desvenda para os mais desatentos todas as referências de um filme, e Movie Essays, vídeos cuja temática está ligada a um tópico de um filme específico.
É a brincar que se dizem as verdades: A mesma equipa também é responsável pelo canal Let Me Explain. Este misto de review com sinopse em formato cartoon, com um registo mais engraçado e descontraído, são o ideal para quando estamos na dúvida em relação a ver ou não um filme.
Entretenimento em formato videocast: Num registo diferente e mais longo, podes ainda ver ou ouvir o podcast Intercut. Para além dos filmes, também as séries e a cultura pop servem de tema a estas conversas semanais.
Chegou a vez de defender os bullies
Hoje em dia, há séries e filmes que fazem uma cobertura fiel a vários problemas da sociedade. Há pobreza, há desigualdade social e de género, há tráfico de pessoas e animais e há crime sem escrúpulos. Mas há uma série da Netflix que fala de um flagelo em que poucas tocam: a defesa dos valentões injustiçados.
Não se trata apenas de uma série documental. “American Vandal” é uma paródia, uma sátira criminal que tem como personagem principal um aluno de uma escola secundária. Tudo começa quando todos os carros dos professores da escola aparecem vandalizados com graffitis de um pénis. Tendo em conta a gravidade do crime, a escola rapidamente trata de apurar os culpados e todas as setas apontam na direção de Dylan Maxwell, um aluno conhecido pelos colegas e pelos professores como sendo alguém problemático.
Mas, como em todos os verdadeiros crimes, toda a gente é inocente até prova do contrário. Por isso, insatisfeitos com o desfecho da investigação, há dois alunos da escola, Peter e Sam, que decidem seguir todas as pistas e provar que, afinal, Dylan não é o culpado.
Outra temporada, outro crime: A segunda temporada já não fala do caso de Dylan, mas Sam e Peter mantêm a sua veia de investigadores.
Quem é que se lembrou de fazer isto?: Deixo-vos esta entrevista da Vulture com o Produtor Executivo Dan Lagana, para ficarem a conhecer melhor de onde é que surgiu esta ideia brilhante.
Créditos finais
A título de curiosidade, sabes quais foram os filmes e séries que se tornaram uma tendência devido ao isolamento social? Descobre a resposta neste artigo do Sapo24.
Os amantes de filmes animados vão poder assistir ao Festival Monstra a partir de casa. Num comunicado publicado no site, a organização anunciou que a edição deste ano, que celebra os 20 anos do Festival de Animação de Lisboa, vai ser ser transmitida na plataforma Kinow, entre os dias 25 e 31 de maio.
O Spotify quer explorar a vertente do videocast e já começou a fazer os primeiros testes. O podcast “Zane and Heath: Unfiltered” serviu de cobaia e foram disponibilizados três episódios acompanhados de vídeo. A funcionalidade apenas está disponível para alguns utilizadores, mas o objetivo é que venha a crescer.
Tens recomendações de coisas que eu podia gostar? Ou uma review de um dos conteúdos que falei? Envia para mariana.santos@madremedia.pt