“Miúdas” talentosas que não têm medo de nada
O meu nome é Mariana Falcão Santos e as sugestões de hoje falam de emancipação e afirmação do poder feminino, com um toque de samba, bossa nova, pop e R&B.
Olha que série mais linda, mais cheia de graça
Há pouco mais de um ano estreou uma série na Netflix que foi um sucesso e que despertou a atenção para as produções brasileiras. “Coisa Mais Linda” conta-nos a história de quatro mulheres com diferentes backgrounds, que fazem o seu melhor para sobreviver e vingar no Brasil da década de 50.
A personagem principal é Maria Luíza, uma rapariga que vem de uma família tradicional rica, que se muda para o Rio de Janeiro para perseguir o seu sonho de abrir um bar com música ao vivo com o marido. Malu, nome que acaba por assumir mais tarde, acaba o primeiro episódio com um marido em fuga, de coração partido, e com um negócio que parece impossível de erguer.
Para recuperar de um desgosto de amor, não há nada melhor do que o grupo certo de amigas. Por isso, a Malu juntam-se Lígia, uma cantora oprimida e controlada pelo marido, Thereza, uma jornalista com um espírito independente e que faz frente à desigualdade de género, e Amélia, uma jovem empregada doméstica negra que luta todos os dias contra uma sociedade racista e segregadora.
Mas “Coisa Mais Linda” acaba por ser muito mais do que um drama com um toque de comédia e romance. É uma história sobre mulheres que batem o pé e fazem aquilo que lhes disseram que elas nunca poderiam fazer. É sobre classes altas e baixas que se esquecem do estatuto em prol de um bom serão ao som de samba e bossa nova. É a prova de que tudo fica melhor com a música certa a tocar no fundo.
“The Girl From Ipanema”: O genérico da série é uma interpretação de Amy Winehouse da música Garota de Ipanema, um clássico do bossa nova, com letra original de Vinicius de Moraes.
Ao som dos ritmos do morro: Durante os 7 episódios da primeira temporada de “Coisa Mais Linda” somos embalados por ritmos de samba e bossa-nova. Para que nos continuemos enamorar por este género musical, nas redes sociais da série foi divulgada uma playlist de Spotify, para ouvirmos enquanto esperamos pela segunda temporada.
Um toque de inspiração americano: Há quem faça comparações com a série “The Marvelous Mrs. Maisel”, que estreou em 2017 e está disponível na plataforma Prime Video.
Das donas de casa conservadoras às ativistas femininas, as americanas que têm "pelo na venta"
Ainda que a expressão possa parecer pejorativa para muitos, esta é a que melhor distingue a convicção das personagens da minissérie “Mrs. America”, disponível na HBO. Fazemos uma viagem até aos Estados Unidos da América nos anos 70, diretamente para a batalha pela aprovação da Emenda pela Igualdade de Direitos.
De um dos lados da luta está Phyllis Shlafly, uma dona de casa conservadora com um gosto especial pela política, que leva a cabo uma propaganda antifeminista. Do outro, está um grupo de ativistas feministas, que pretende que a lei dos Estados Unidos da América seja alterada, de forma a diminuir a desigualdade entre homens e mulheres no que diz respeito a questões como o divórcio, o emprego e a interrupção voluntária da gravidez.
Cada episódio foca-se numa personagem, retratando a sua evolução e história de vida, ao mesmo tempo que acompanhamos as investidas de cada um dos lados e assistimos a uma manipulação hipnotizante do discurso.
A estrela é a má da fita: A personagem principal é interpretada por Cate Blanchett, que representa a líder de um movimento antifeminista. Por muito que se goste de Blanchett enquanto atriz, é impossível não criar um ódio de estimação pela personagem Phyllis Shlafly, o que só demonstra quão bem o papel está construído.
Ficção vs Realidade: A minissérie retrata acontecimentos que se passaram na vida real, mas nem tudo é 100% fiel ao que realmente aconteceu. Em jeito de satisfação de curiosidades, deixo a sugestão de um artigo do The Guardian, que serve como uma espécie de fact checking de alguns relatos.
Um álbum icónico de uma rainha irónica
O conteúdo de conforto não tem só de ser aquele que nos dá um abraço quentinho. Hoje, por exemplo, vou fazer um throwback a um álbum que serve como banda sonora para quando queremos renovar a nossa força interior e encarnar o espírito badass da Queen B.
Lemonade saiu em 2016 e acabou o ano como o álbum mais vendido em todo o mundo, com mais de 2,5 milhões de cópias. Tudo começou com o lançamento de Formation no início do ano, e pouco tempo foi preciso para se perceber que Beyoncé estava a preparar uma obra de arte. Meses depois, saiu na plataforma de streaming Tidal aquele que seria muito mais do que o seu sexto álbum.
Às 12 músicas, que incluem os singles Sorry, Hold Up e Daddy Lessons, a cantora juntou uma experiência cinematográfica que complementa o álbum na perfeição. O álbum visual conta ainda com momentos de poesia e prosa recitados por Beyoncé e gravações caseiras suas e da sua família.
A Queen B não veio sozinha: Lemonade conta também com a participação de James Blake, Kendrick Lamar, The Weeknd e Jack White.
Para quem gosta de ir ao detalhe: Recomendo o podcast Dissect, cuja temporada atual se dedica a analisar ao detalhe as músicas de Lemonade, das letras aos videoclipes. Outros álbuns de sucesso como DAMN. e To Pimp a Butterfly de Kendrick Lamar, e Flower Boy de Tyler, The Creator também já foram examinados à lupa.
Créditos finais
Jerry Seinfeld lançou hoje o seu novo especial de standup comedy na Netflix. “23 Hours To Kill” é o regresso de um dos maiores comediantes da história e algo me diz que o Miguel Magalhães vai fazer uma bela review do show mais para o final da semana.
Sempre quiseste ir a um daqueles cinemas drive-in que aparecem nos filmes? A Comic Con vai fazer-te a vontade e organizar várias sessões de cinema em que os espetadores assistem dentro do próprio carro. O primeiro filme vai passar já no dia 1 de junho, num local a divulgar.
Tens saudades de ir a uma exposição? Numa altura em que todos se parecem render ao online, as galerias de arte não foram exceção. A Underdogs vai inaugurar este mês a exposição Right Now, com trabalhos de mais de 30 artistas criados em isolamento.
Para celebrar a criatividade em tempos de isolamento, o programa Sunday Morning do canal de televisão americano CBS organizou os The Sunny Awards. Numa “cerimónia” de oito minutos, disponível no canal de YouTube do programa, o apresentador David Pogue destacou os vídeos mais criativos da quarentena.
A MadreMedia juntou-se a Elisa Baltazar, cofundadora do clube de escrita O Primeiro Capítulo para criar um clube de leitura virtual. É Desta Que Leio Isto vai juntas pessoas em torno de um determinado livro, cujo título será anunciado com antecedência, e a primeira sessão é já no dia 14 de maio. Queres saber mais? Podes ler aqui.
Mais ideias de planos para logo? Aqui ficam algumas sugestões.
Tens recomendações de alguma coisa de que eu podia gostar? Ou uma review de um dos conteúdos que falei? Envia para mariana.santos@madremedia.pt