Vamos voltar a quem já nos fez feliz? ☺
O meu nome é Mariana Falcão Santos e nesta edição de Acho Que Vais Gostar Disto vou falar-vos de livros que viraram bons filmes, de pecados no mundo do cinema e daqueles que estão sempre lá para nós.
Gillian Flynn e o conceito de morrer de amores
Há vários anos, comprei e li de uma só vez o livro Em Parte Incerta (Gone Girl é o título original) da escritora americana Gillian Flynn. Lembro-me de ficar intrigada pela perversidade do livro. É um romance que nos apresenta um conceito de amor muito ao lado daquele a que os livros e filmes lamenchas nos habituaram.
No centro da história temos o casal quase perfeito Nick e Amy. Digo quase perfeito porque, como qualquer outro casal, têm as suas divergências. Mas tudo muda quando Amy desaparece repentinamente sem deixar rasto.
Num desespero por respostas, a comunidade onde o casal vive junta-se para a procurar e são mobilizados vários meios para encontrar a mulher de Nick. À medida que as investigações vão avançando, todas as pistas apontam para Nick enquanto o culpado do desaparecimento. Paralelamente, também ele conduz a sua própria investigação e descobre que, afinal, não conhecia assim tão bem a pessoa com quem partilhava uma cama todas as noites.
O preconceito das adaptações para filme: Quando descobri que a adaptação de Gone Girl ia chegar aos cinemas, em 2014, tive uma hesitação que me fazia repetir mentalmente “Será que devo ver? Costuma dizer-se os livros são sempre melhor que os filmes”. Muita gente partilha esta opinião, mas, como tinha gostado tanto do livro, acabei por dar uma chance (e que bem que eu fiz).
Uma boa história em dose dupla: Para além do enredo, aquilo que mais faz o filme brilhar é performance incrível de Rosamund Pike enquanto Amy, interpretação que lhe valeu uma nomeação para o Óscar de Melhor Atriz. Do outro lado do par principal está Ben Affleck enquanto Nick. O filme foi dirigido por David Fincher, também conhecido pelos filmes O Estranho Caso de Benjamin Button e A Rede Social, e está disponível na Netflix para quem queira ver, ou rever.
Outra obra arrepiante de Gillian Flynn que vale a pena: Sharp Objects, livro com adaptação para minssérie que estreou na HBO em 2018 e teve Amy Adams como protagonista.
Os nossos preferidos também bem
Se, por um lado, há quem goste de manter as suas séries e filmes imaculados, recusando-se a descobrir o que há de errado com os seus conteúdos favoritos, há também quem goste de os desconstruir.
Querem perceber melhor aquilo de que vos falo? O canal do YouTube CinemaSins é um dos melhores exemplos. Filmes de animação, terror ou comédia, dos clássicos de culto às tendências mais recentes, em cada episódio são analisadas ao detalhe as falas, os cenários, os planos e as contradições do filme em questão.
Mas não são só os filmes a ser vistos através de uma lupa. Os criadores de CinemaSins têm ainda os canais TVSins e Music Video Sins, que analisam ao detalhe séries e videoclips, sem deixar escapar nenhuma falha.
Um lago gelado que aquece o coração
Não sei se este conceito é transversal, mas no outro dia apercebi-me de que há séries, filmes, álbuns de música e livros que são uma espécie de quentinho para a alma. Para os dias melancólicos, para quando queremos uma companhia para uma tarde de chuva no sofá com um cobertor ou simplesmente para vermos, lermos ou ouvirmos de vez em quando, para nunca nos esquecermos do quão bom aquilo é.
Por isso, decidi estrear uma mini-rubrica onde vou recomendar algum do meu comfort content para diferentes ocasiões. E começo com um filme que já vi meia dúzia de vezes, mas que me continua a fascinar a cada repetição: O Despertar da Mente (com o título original The Eternal Sunshine Of The Spotless Mind).
Estreado em 2004, tem como protagonistas principais Jim Carrey e Kate Winslet, que interpretam o casal Joel e Clementine. As suas personalidades distinguem-se como azeite e água, mas isso não impediu que se apaixonassem um pelo outro. Ao longo do filme, percebemos que o casal já se conheceu e viveu uma relação daquelas que fazem os espectadores sorrir que nem uns tontos enquanto se derretem a olhar para o ecrã.
Mas, quando uma discussão escala mais do que devia, os dois decidem submeter-se a um procedimento médico que permite que apaguem todas as memórias que têm um do outro. Cada um segue para seu lado sem qualquer recordação da relação, mas os caminhos de Joel e Clementine voltam a cruzar-se e o casal volta a apaixonar-se.
Os Sci-Fi também podem ser românticos: O Despertar da Mente dá vida à expressão “acho que fomos almas gémas numa vida passada” e é o filme perfeito para românticos incuráveis. Em 2004, venceu o Óscar de Melhor Argumento Original e há mesmo quem o considere um dos melhores filmes do século XXI.
Esta cena do filme aquece os corações mais empedernidos (mesmo que se passe num lago gelado)
Onde ver: Atualmente o filme está disponível na Netflix e, para acompanhar, recomendo um pacote de lenços.
Créditos finais
Joker foi um dos filmes com maior sucesso em 2019 e valeu a Joaquim Phoenix o Óscar de Melhor Ator. Para os fãs, ou para os curiosos, foi lançada agora uma surpresa. O Making Of do filme tem mais de 20 minutos e já está disponível no YouTube.
A rádio britânica BBC Radio 1 juntou vários artistas conhecidos para fazer uma versão solidária da música Times Like These, dos Foo Fighters. A iniciativa fez parte no Stay Home Live Lounge, as receitas da música vão reverter a favor de várias organizações e o resultado final está incrível.
Já que nos últimos tempos se tem falado tanto de reality shows, a nova versão do Big Brother já estreou na TVI. Mas será que há quem ainda se lembre bem da 1ª edição, que saiu há 20 anos? Num artigo para o SAPO24, o Abílio dos Reis reavivou as memórias.
Em jeito de fecho, partilho uma pérola daquelas que nos faz agradecer à internet por existir. Os tempos de isolamento parecem alimentar a criatividade de muitos e a prova disso é que, na impossibilidade de visitar museus para ver as suas obras de arte preferidas, há quem as recrie em casa. Espreitem este grupo do Facebook. O desafio vai ser parar de fazer scroll.