The Last Of Us - EP3: como vive o amor no apocalipse?
Terça-feira é dia de recapitulação de “The Last of Us” pelo Acho Que Gostar Disto. E no terceiro episódio desta série da HBO Max, intitulado "Long, Long Time", a série desvia-se do material original para revelar aquilo que muitos críticos já descrevem como sendo um dos melhores momentos de televisão do ano. Prepararem-se, pois vamos conhecer o sobrevivencialista Bill e descobrir mais sobre a sua relação com Frank e ver que Joel e Ellie já começaram a sua travessia pela América.
🚨 O podcast e as linhas que se seguem estão repletos de spoilers 🚨
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Na opinião da equipa do Acho Que Vais Gostar Disto, não há grandes dúvidas e parece que na maioria das reviews internacionais também não: é apenas janeiro, mas já se pode sentir que é das melhores coisas que deverá passar pela televisão em 2023.
O que é curioso porque em "Long, Long Time", durante a maior parte do tempo, os holofotes até nem estão em Joel e Ellie, que, depois do fatídico final do segundo episódio, encontram-se a uma dezena de quilómetros de Boston e prestes a fazer uma caminhada de cinco horas em que os velhos instintos paternais de Joel ameaçam fazer uma aparição e Ellie confronta Joel sobre a morte de Tess.
"Tenho pensado no que aconteceu. Ninguém te obrigou ou à Tess a ficar comigo. Nem a alinhar neste plano. Precisavam de uma bateria de camião ou assim e fizeram uma escolha. Portanto, não me culpes por algo que não é culpa minha", dispara Ellie, mas com uma cara de quem não sente muito tudo aquilo. Joel a ser Joel, acena apenas com a cabeça e não responde.
A caminhada prossegue, dão-se algumas lições sobre o passado e, numa loja de conveniência, Ellie espeta o seu canivete suíço na cabeça de um infetado soterrado nos escombros da cave — sorrateira, sem que Joel desse por isso. Depois, há pouco destas duas figuras porque o duo principal passa a ser outro.
Ou seja, o episódio leva-nos até a Bill (Nick Offerman, comediante que Craig Mazin foi buscar numa jogada influenciada pelo facto de Vince Gillian ter ido buscar Bryan Cranston em "Breaking Bad") e à sua história de amor vivida com Frank (Murray Bartlett, o Armond de "The White Lotus"), contada através de flashbacks que percorrem um período de 20 anos (de 2003 a 2023). É um episódio sem clickers, sem o sentido de perseguição e fuga dos primeiros, mas com a mesma intensidade.
Na verdade, parece uma filme mais curto do universo "Last of Us", que vive bem por si só. Mas, neste caso, é um filme com armadilhas metafóricas e literais, em que as primeiras estilhaçam o coração de Bill e Frank com amor e esperança, ao passo que as segundas explodem cérebros de infetados — coisa que Bill vê num monitor como se fosse uma série enquanto se deleita com uma farta refeição.
Importa também frisar que praticamente nada do que vemos neste episódio se passou no jogo. O Bill de Nick Offerman existe e é fisicamente semelhante ao homólogo digital, mas o que vemos é novidade e acréscimo narrativo para todos. Nestes 80 minutos, no que a este incrível romance para a posteridade televisiva diz respeito, pouco ou nada adiantou andar de comando na mão ou a lamber vídeos das cenas cinemáticas no YouTube. Exemplo: o Frank original é apenas uma personagem mencionada em diálogos e que deixou um bilhete a explicar o seu desfecho, que foi diferente do da série. Assim como não há momentos ao piano a cantarolar a música de Linda Ronstadt que empresta o título oficial ao episódio, não há cenas que revelam que o importante na vida na vida é partilhado por momentos simples e humanos como brindar com morangos frescos.
Mas quer isto dizer que a série não está a ser fiel ao material de origem? Não, de todo. É a história do jogo, mas dá à relação de Bill e Frank, que é apenas tocada ao de leve, uma nova dimensão. Dimensão tal que acabou transformada num episódio emocionalmente poderoso - muito por culpa de dois atores que deviam de ser banhados a Emmy.
No entanto, é uma mudança abruta que não agrada a todos os fãs. Uns porque são apenas mais puristas e não apreciam mudanças, outros porque, pese embora leve a um bom episódio, não acrescenta "nada" à história principal. Nesta matéria, no vídeo dos bastidores revelado pela HBO assim que o episódio terminou, o showrunner Neil Druckmann explica o processo criativo: a nova versão proposta por Craig Mazin é melhor do que a original? Se é, acrescenta-se e há um desvio narrativo. Se não é, ficam os diálogos e cenas originais. Para nós, o desvio de Bill e Frank foi para melhor. Porque esta história — e série — não é sobre infetados ou fungos. É sobre relações humanas.
Caminhando para a reta final do episódio, Joel e Ellie chegam finalmente a casa de Bill — o destino da caminhada a que fizemos referência no início. E como se não fosse difícil o suficiente aguentar a cena em que Bill se apercebe de que "o seu propósito" nesta vida foi Frank e que não a vale a pena estar neste mundo sem ele… ainda temos de ouvir uma leitura de uma carta deixada a Joel que não é fácil digerir. (Assim, como senão fosse já um desafio escutar “On the Nature of Daylight” enquanto tudo acontece.)
A seguir, Joel e Ellie equipam-se com as roupas que os gamers bem conhecem e vão aproveitar o presente deixado por Frank (uma carrinha). E a inocência de não saber pôr um cinto de segurança e o cuidado de o colocar a alguém que precisa da nossa proteção ajudam a terminar um episódio quase perfeito de uma maneira quase perfeita.
Agora, siga viagem até ao Wyoming.
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👉 Acompanha a série "The Last of Us" na HBO Max, onde vão estrear novos episódios todas as segundas-feiras! (PS: para todos aqueles que não respeitam o sono ficam disponíveis às 02h00 da madrugada.)
Créditos finais
📱O se passou na cultura pop
Morreu Annie Wersching, a Tess de "The Last of Us". Além de emprestar a voz à personagem que a australiana Anna Torv assumiu na série da HBO Max, a atriz também é conhecida por ter interpretado a agente do FBI Renee Walker na série "24". Tinha 45 anos. (The Guardian)
A Amiga Genial. A HBO anunciou o novo elenco (aka a nova Elena e a nova Lila) e revelou a primeira imagem da 4.ª e última temporada. (Variety)
American Gigolo. A série exibida por cá na SkyShowtime e protagonizada por Jon Bernthal foi cancelada ao fim de uma temporada. (Collider)
Avatar. Em 2004, os Na’vi eram bem diferentes do que são hoje. (Collider)
Michelle Williams. "As raparigas de hoje não são presas. Elas são vitoriosas". Em entrevista, a atriz falou sobre a era #MeToo, dinheiro e de brincar à mãe de Spielberg. (The Guardian)
Queen’s Gambit 2. Anya Taylor-Joy explicou que a sua conta no Twitter foi pirateada — e que o tweet sobre uma segunda temporada é falso. (IndieWire)
One Piece. A adaptação de uma das mais famosas animes de sempre vai chegar à Netflix em 2023. (Variety)
Sarah Michelle Gellar. A Buffy considera que ainda há preconceito cada vez que a Marvel tenta fazer uma história com super-heroínas. (The Guardian)
Marilyn Manson. Apresentada nova queixa por abusos sexuais contra o músico. (The Guardian)
Morreu Lisa Loring. A atriz, aos cinco anos, interpretou a primeira Wednesday de "A Família Adams" nos anos 60.
Björk. A cantora islandesa vai começar a digressão "Cornucopia" em Lisboa. (SAPO24)
The Weeknd. Não precisam de lamentar mais a ausência de Portugal na stadium tour de Abel Tasfaye. "After Hours Til Down" vai não só passar como começar em Portugal e os bilhetes ficam à venda em breve. (Everything Is New)
FICHA TÉCNICA
Produção MadreMedia
Newsletter escrita por
Abílio dos Reis, Mariana Santos, Miguel Magalhães e João Dinis
Grafismos
Diogo Gomes, Rodrigo Mendes
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