🏖️ The White Lotus: o resort mais famoso do mundo está de volta
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“The White Lotus” é uma sátira sobre privilégio e a maneira como o famoso “1%” da elite norte-americana vive os seus problemas e dia-a-dia. A primeira temporada, passada num resort de luxo no paradisíaco Hawaii, tem tanto de surreal como de inquietante e fascinante. Assombrada por um homicídio e muito pouca noção, é difícil de não ficar vidrado logo ao primeiro episódio — nem que seja porque mostra o final logo na sequência de abertura. E agora está de volta com um novo elenco, um novo hotel e, claro, mais mortes misteriosas.
O sucesso foi de tal ordem que aquilo que começou por ser uma minissérie de seis episódios rapidamente virou série de antologia. Brilhantemente escrita e realizada por Mike White (co-criador de “Enlightened” da HBO e argumentista de “Escola do Rock”, mas cujos créditos de escriba remontam a episódios de “Dawson’s Creek” e a “Freaks and Geeks”), conquistou o público, críticos e os Emmys (venceu 10 prémios, limpando as principais categorias para as quais estava nomeada). Não é difícil de perceber e explicar porquê.
A escrita é uma alfinetada aguçada não só ao privilégio, mas também a temas que a ele estão associados como o poder em relações, o colonialismo, a tecnologia, o #MeToo ou ao conflito entre diferentes gerações. Se juntarmos isto a uma excelente realização - especialmente se tivermos em conta de que foi tudo filmado durante a pandemia -, uma fotografia idílica e personagens fascinantes e bem interpretadas, a uma banda sonora incrível, que é quase uma personagem silenciosa (sem esquecer o genérico inicial que é magnético), conseguimos descortinar todo o alarido em torno desta série.
A sinopse, de resto, é simples: ao longo de sete dias, vamos conhecer duas realidades distintas da sociedade norte-americana através dos binóculos de uma das mais luxuosas cadeias de hotéis do Hawaii. Ou seja, temos a perspetiva dos VIPs (visitantes ricos, arrogantes e com ares de “os patrões disto tudo”) e a maneira como estes lidam e tratam o staff (o trabalhador comum, que luta para se manter de pé). O que se segue é do melhor que se fez na televisão o ano passado e é por isso que vos convidamos a recordar o episódio do nosso podcast dedicado às lições de vida que tirámos destas férias de opulência.
Ora, feito um flashforward temporal no mundo real de ano e meio, Mike White voltou aos trabalhos e a HBO brindou-nos esta segunda-feira com um outro lote cuidadosamente curado de convidados super-privilegiados. Porém, desta vez, damos um salto até ao “The White Lotus” da Sicília, no sul de Itália. As paisagens são igualmente esplendorosas assim como o hotel é da mesma forma luxuoso. Mas ao invés de estarmos perante as águas cristalinas de Maui no Hawaii, temos uma vista de perder a respiração com a magnificência do maior vulcão da Europa, o Etna (um crítico lembra a ironia desta escolha uma vez que os argumentos de White estão em constante erupção) e o mar da região histórica siciliana de Taormina.
Não era preciso termos visto o primeiro episódio para percebermos que o olho moral de White virou mais para a política sexual do que para a política racial — isto ficou logo assente pelo trailer. O The Guardian reforça esta ideia, mas acrescenta que a escrita é tão densa e estratificada como o foi na primeira temporada. Mais, a trama continua imaculada e a nossa simpatia ou ódio (depende a quem se pergunte) pelos protagonistas vai continuar a fervilhar à medida que os vamos conhecendo. Porque já se sabe: as personagens até podem estar no resort com toda a intenção de descontrair, mas White não é homem para deixar que os espetadores escorreguem de aborrecimento no sofá. Por outras palavras, não se espere “mais do mesmo”.
Nesta segunda temporada, (quase) todo o elenco é novo. A razão para tal foi dada pelo criador numa entrevista. “Não seria credível que fossem todos de férias outra vez para o mesmo sítio”, explicou. Ora, sendo este um bom ponto, tal não significa que algumas das personagens não possam regressar ou, pelo menos, que tivessem vontade de relaxar — homicídio à parte. É o caso de Tanya (Jennifer Coolidge) e de Greg, agora aparentemente infelizes e casados, que trazem consigo uma assistente pessoal da geração Z (Haley Lu Richardson) que parece batalhar com o desenrolar da sua vida.
Sobre o elenco, a atriz Aubrey Plaza é tão cativante como o era em “Parks And Recreation” e Theo James (“Divergente”) parece ter sido uma escolha acertada, pois interpreta na perfeição a figura de borracho canastrão insolente. O veterano F. Murray Abraham (Dar Adal de “Homeland”) faz de patriarca que venera toda mulher bonita e a quem se desculpa quase tudo por ser de outra geração, ao passo que o filho Michael Imperioli (“Sopranos”) faz o mesmo embora pense que não. E ainda que se sinta o vazio deixado por Armond (Murray Bartlett), há uma nova gerente de hotel (a atriz italiana Sabrina Impacciatore) que vai ter de lidar com os problemas de toda esta gente.
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Créditos finais
👀 O que ver?
Inside Man (Netflix). Minissérie de quatro episódios do criador de “Sherlock” e “Dr. Who” (Steven Moffat), com David Tennant (“Good Omens”) e Stanley Tucci. A história segue um vigário (Tennant) que esconde um segredo terrível e um recluso homicida (Tucci) no corredor da morte em modo “Hannibal Lecter” a quem a polícia recorre quando não consegue avançar em casos de homicídio. “Todos nós somos homicidas. Só temos de encontrar a pessoa certa” - é mais ou menos o cartão-de-visita. (Trailer)
A Hora do Diabo (Prime Video). Esta minissérie de cinco episódios mostra a história de Lucy, uma mulher que acorda todas as noites sempre às 3h33 da madrugada — a hora do diabo — e que se vê envolvida no meio de investigação de um homicídio. (Trailer)
Depois do Universo (Netflix). Uma produção brasileira que vive de um amor nascido num hospital ao estilo “A Culpa é das Estrelas”. No filme, seguimos os dois protagonistas: Nina (Giulia Be), uma pianista que sofre de lúpus e precisa de um transplante de rim; e Gabriel (Henry Zaga), que por acaso é médico no hospital onde faz o tratamento. A primeira não vê o lado “bom” da vida, o segundo vê “beleza” em tudo. E, juntos, puff. Faz faísca. Para quem quer desanuviar do terror e confortar o coração. (Trailer)
👇 O que não podes perder na cultura pop
The Witcher. Liam Hemsworth vai substituir Henry Cavill na 4.ª Temporada da adaptação da Netflix e a notícia foi transmitida com muita cordialidade e respeito. (The Verge) No entanto, os fãs já conspiram sobre as verdadeiras razões que levaram à saída do ator britânico — quando este até tinha dito que estava comprometido com a personagem para as previstas as 7 temporadas previstas.
Taylor Swift. “Midnights”, o seu novo disco, não trouxe somente novas canções e muitos “plays” nas plataformas digitais de áudio. Trouxe novos videoclipes também, que a própria voltou a realizar — o que leva a que já se pergunte: a primeira longa-metragem está para quando? (Cinema Blend)
Severance. Foram anunciados novos membros ao elenco e muitas das caras são bem conhecidas. Gwendoline Christie (Brienne of Tarth de “A Guerra dos Tronos”) é uma delas. (Collider)
Avatar 2. A sequela de James Cameron vai ter mais 3 horas de duração. Contas feitas, vai ter mais meia-hora que o original. (The Hollywood Reporter) E este é um vídeo do Rotten Tomatoes (com menos de 5m) sobre tudo o que precisas de saber.
Tom Brady & Gisele Bündchen. O casal está oficialmente divorciado depois de 13 anos de casamento. (EOnline)
Stargirl. A série da DC foi cancelada ao fim de três temporadas. (Variety)
Netflix. O Instituto de Cinema Britânico (BFI) vai preservar séries e filmes da Netflix no seu arquivo nacional. É a primeira vez que o faz com conteúdo de uma plataforma de streaming. (Screen Daily)
Hollywood & Halloween. Aqui estão alguns dos melhores disfarces utilizados pelas celebridades durante as suas celebrações do Dia das Bruxas. (Variety)
Daniel Radcliffe como Wolverine? Isto foi o que ator teve sobre a possibilidade. (Yahoo News)
🎥 Let’s Look at the trailer
“Avatar: The Way of Water”. (Cinema)
“Willow”. (Disney+)
“Fleishman em Apuros”. (Disney+)
“Circuit Breakers”. (AppleTV +)
“Ghislaine Maxwell: Filthy Rich”. (Netflix)
“Selena Gomez: My Mind & Me”. (Apple TV+)
“Tom Clancy’s Jack Ryan”. (Prime Video)
“Servant”. (Apple TV+)
FICHA TÉCNICA
Produção MadreMedia
Newsletter escrita por
Abílio dos Reis, Mariana Santos, Miguel Magalhães e João Dinis
Grafismos
Diogo Gomes, Rodrigo Mendes
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