🐝 Uma abelha e uma casa a arder

É oficial. Rowan Atkinson está de regresso às nossas televisões com uma nova série na Netflix chamada “Man vs Bee”. Há algum tempo que o ator britânico de 67 anos não participava num conteúdo televisivo e era inevitável que uma plataforma de streaming se chegasse à frente e tentasse explorar e tirar proveito do seu carisma. E que bom é vê-lo a encarnar uma nova personagem que mistura o melhor dos projetos nos quais já esteve envolvido.
 

- Miguel Magalhães

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Uma abelha e uma casa a arder

Até para os mais distraídos, nomes como “Mr. Bean”, “Johnny English” ou “Blackadder” não são indiferentes. Foi com eles que Atkinson se tornou numa figura amada no mundo inteiro, especialmente com “Mr. Bean”, que se tornou numa das melhores personagens de humor de sempre, e possivelmente na mais conhecida em todo o mundo.

É incrível como uma personagem praticamente muda (criada com o seu amigo Richard Curtis, autor de “Love Actually”, “Notting Hill”, “About Life”) foi capaz de, através das suas decisões e trejeitos, cativar tanta gente em tantos lugares:

• 14 episódios de 20 minutos transmitidos ao longo de 5 anos (juro que achava que eram mais);

• E ainda 2 filmes que fizeram quase 500 milhões de dólares de bilheteira (“Mr. Bean em Férias” continua a ser uma das minhas comédias favoritas);

“Johnny English”, “Blackadder” e a participação mais secundária de Rowan em filmes como “Love Actually” são prova de que ele também é capaz de ser engraçado com as palavras, apesar de, em criança, lhe ter sido diagnosticada uma gaguez que, ao que tudo indica, foi o showbiz que ajudou a ultrapassar.

Em “Man vs Bee”, também co-criado pelo ator, vemos o melhor das facetas humorísticas que demonstrou ao longo da sua carreira. Aqui, a personagem de Atkinson é Trevor, um homem que acabou de arranjar um novo emprego como ‘housesitter’, que não tem propriamente uma tradução para português, mas é alguém que é contratado por um casal ou família para tomarem conta da sua casa enquanto estão fora em férias.

Depois de infortúnios em empregos anteriores (uma alegada embirração com um carrinho de compras) e um divórcio que o afastou da família, Trevor tenta agora recompor-se na vida e esta parece a oportunidade de que estava à procura. O problema é que aquilo que tinha tudo para ser uma tarefa simples acaba por virar muito mais complicado do que estava à espera.

A casa pela qual fica responsável pertence a um casal milionário que não só tem as tecnologias mais avançadas para tudo (desde a torneira do lava-loiça ao sistema de segurança), como tem espalhado pela casa obras de arte no valor de milhões, que têm de ser cuidadosamente tratadas. E há um cão chamado Cupcake pelo qual também fica responsável e que tem uma série de cuidados entre alergias, timings rigorosos e uma coleira também ligada a algumas das tecnologias da casa.

Mas, calma, há um manual com todas as instruções para que em caso de alguma dúvida, Trevor possa rapidamente saber o que tem de fazer.

A incógnita nesta série é uma abelha que logo no primeiro episódio entra pela casa adentro e vai fazer com que a personagem fique louca a tentar caçá-la da mesma forma que Walter White tenta apanhar uma mosca naquele episódio de “Breaking Bad”. Em primeiro lugar, admiro o conceito de tentar apanhar uma abelha, quando a tendência normal (pelo menos deste que vos escreve) é fugir a sete pés ao primeiro zumbido que se aproxima da orelha. Em segundo lugar, também gostei da decisão da série de nos mostrar, logo nos minutos iniciais, uns flashforwards de que como vai terminar.

Há destroços, há coisas a arder, há Trevor em tribunal, mas não sabemos os acontecimentos e decisões que nos levam até aí sem ser que uma abelha animada com um CGI meio manhoso (mas que se aceita) vai desempenhar algum tipo de papel. Ver a série é uma experiência de ver uma situação aparentemente banal a escalar para níveis de caos inesperados, tudo por causa de uma irritação com um bicharoco.

E Rowan está na sua melhor forma nas maneiras ridículas que utiliza para apanhar a abelha, nos remendos que tenta fazer à casa, na forma como lida com a sua tecnologia e nas desculpas que dá ao casal milionário, às pessoas que lhe aparecem à porta e à família. Sabemos que o desfecho não vai ser bom, mas há algo na série que nos faz querer acompanhar o percurso. E episódios de 12 minutos também ajudam.

“Man vs Bee” é atualmente a 2.ª série mais vista da Netflix

Podcast Acho Que Vais Gostar Disto

Uma conversa de João Dinis com o ator Gonçalo Diniz ("Nazaré", "Mar Salgado", "Dei-te Quase Tudo") sobre a sua carreira e sobre o seu novo projeto, a nova série da Prime Video "Sem Limites", uma produção espanhola que conta a aventura por detrás da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.

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Créditos Finais

👀 O que ver

Westworld S4. Demorou, mas a série de Lisa Joy e Jonathan Nolan regressou na segunda-feira para uma nova temporada na HBO Max. A história avança sete anos desde o último episódio. As críticas dividem-se: há quem diga que traz o encanto da 1.ª e 2.ª temporada e há quem, apesar de elogiar os efeitos especiais e cinematografia, a considere superficial como a última. (Trailer)

Only Murders in the Building. Charles, Mabel e Oliver voltam a reunir-se para investigar a morte da presidente da administração do condomínio, mas desta vez acabam por ser considerados suspeitos do homicídio — e personagens principais de um podcast rival.  Os dois primeiros episódios já estão disponíveis no Disney+ (Trailer)

🎧 O que ouvir

Mais um Pod. Se ainda não ouviste, neste episódio do podcast respondemos à seguinte questão: precisávamos de um remake de La Casa de Papel? (Spotify | Apple | Google )

Muna. O terceiro disco de originais do trio pop-indie de Los Angeles já saiu e conta com a colaboração de Phoebe Bridgers, que se vai estrear em Portugal no NOS Alive, a 9 de julho de 2022. Ouve o álbum aqui.

Fiona Apple. Isto é o que a cantora tem a dizer sobre a decisão do Supremo Tribunal dos Estados Unidos em revogar a lei do aborto. (Aqui)
 

📱 O que se passou no mundo da cultura pop
 

Rock in Rio. No último fim de semana, Post Malone foi a 'rockstar' de que precisávamos e Anitta subiu ao palco e dançou e fez dançar. Já os Duran Duran foram grandiosos no dia da nostalgia. Fotos e reportagem para ver e ler aqui e aqui. (SAPO24)

Anitta. A brasileira explica a confusão com a bandeira espanhola em palco português. (Expresso)

Hollywood em Portugal. Não é só a A24 e para os lados de Viseu que as rodagens de filmes de cinema vão condicionar o trânsito. A “Mulher Maravilha” (Gal Gadot) também vai estar a filmar “Heart of Stone” e condicionar várias artérias lisboetas pelos bairros da Mouraria, Chiado e na Baixa. (Público)

O poder da Netflix. A série de Fórmula 1 ("Drive to Survive") terá levado a ESPN a pagar 16 (!!!) vezes mais pelos direitos de transmissão do que em 2019. (IndieWire)

Christian Bale novamente como Batman? Ator não fecha a porta e está disposto a regressar a Gotham. Mediante uma condição, claro. (Collider)

Hunger Games. Isto é o que precisas de saber sobre a prequela (“The Ballad of Songbirds and Snakes”) do fenómeno que catapultou Jennifer Lawrence para a fama global. (IndieWire)

Depeche Mode. Um mês depois da morte de Andy Fletcher, a banda revelou a causa da sua morte a pedido da família. (Variety)

Downton Abbey: o fim? O ator Hugh Bonneville (Robert Grantham) acha que “Downton Abbey: A New Era” encerra a história dos Crawleys num “bom tom”. (The Hollywood Reporter)

Succession. A produção da 4.ª temporada da aclamada série da HBO Max já arrancou em Nova Iorque. Os Roy vão abençoar-nos com mais 10 episódios. (Collider)

Spacey Unmasked. O canal britânico Channel 4 vai transmitir uma série documental sobre a ascensão e queda de Kevin Spacey. (Variety)

25 filmes que dividiram opiniões. Os críticos de cinema e o resto do mundo nem sempre concordam no que à apreciação da 7.ª Arte diz respeito. Estes são alguns exemplos. (IndieWire)

Morreu Mary Mara. A atriz de “Mentes Criminosas”, “Ray Donovan”, “Lei e Ordem” (e muitas outras) tinha 61 anos. (The Hollywood Reporter)

Shocking Twists. Já que a semana arranca com a ficção científica de Westworld, estes são alguns dos volte-faces mais inesperados de sci-fi na TV. (Slash Film)

Best of TV 2022. Ainda não chegámos ao fim do verão, mas já há quem faça os tops e rankings das melhores séries que estrearam este ano. (IndieWire)

FICHA TÉCNICA
Produção MadreMedia

Newsletter escrita por
Abílio dos Reis, Mariana Santos e Miguel Magalhães

Grafismos
Diogo Gomes, Rodrigo Mendes

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