🏀 A melhor série que ninguém está a ver
"Ninguém está a ver" pode ser um ligeiro exagero, mas a verdade é que há uma série da HBO Max que não está a passar pelo radar de muitas pessoas e que merece a devida atenção. O facto de se basear numa história real no mundo do basquetebol pode levar a que não seja para todos, contudo já aprendemos que séries sobre desporto podem ser muito mais do que aquilo que acontece dentro de campo.
- Miguel Magalhães
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A melhor série que ninguém está a ver
Vou começar este texto com uma espécie de charada.
A série de que vos vou falar tem 8.4/10 no IMDb e 84% no Rotten Tomatoes, ambos incríveis indicadores que qualquer série ambiciona ter. Pode ter algumas coisas de “Ted Lasso”, na medida em que conta uma história que se centra à volta de um desporto e de uma liga, mas utiliza personagens cativantes para conduzir a série a algo mais do que apenas aquilo que acontece em campo, combinando o humor e o drama. Contudo, ao contrário de “Ted Lasso”, esta história aconteceu mesmo e mudou para sempre aquilo que hoje conhecemos como NBA, a liga profissional de basquetebol americano.
Falo-vos de “Winning Time: The Rise of the Lakers Dynasty”, que há umas semanas estreou na HBO Max e que já vai, depois desta semana, a meio daquilo que será uma temporada composta por 10 episódios. Portanto, já tive amostra suficiente para poder dar uns bitaites sobre a série.
Dramatizar acontecimentos desportivos é sempre uma tarefa complicada, seja em filme, seja em série, e é por isso que muitas vezes realizadores e produtores preferem escolher o registo de documentário em vez de reconstruir a história toda de raiz. É mais fácil, é mais fiel ao que realmente aconteceu e há a possibilidade de colocar as pessoas que de facto passaram por aqueles momentos a partilhar a sua perspetiva sobre os mesmos. “The Last Dance”, documentário da Netflix sobre a lendária equipa dos Chicago Bulls e a sua estrela Michael Jordan fez isto eximiamente e foi considerado por muitos críticos como o melhor documentário desportivo alguma vez feito.
“Winning Time” tenta ter a aura de “The Last Dance” em formato dramático e pega na história de outra equipa muito popular, os Los Angeles Lakers, que, no verão de 1979, passou por uma série de eventos dignos de um filme, ou neste caso, de uma série.
Há um empresário do ramo imobiliário chamado Jerry Buss que compra a equipa com o sonho de a tornar na melhor da liga, mas que tem dificuldade em escapar à sua fama de intruja e à vida boémia que leva. O treinador da equipa Jerry West, uma lenda do jogo (e cujo corpo é o logo da NBA), decide a poucos dias do início do campeonato que não é competente para o cargo. A nova estrela da equipa, Magic Johnson, acabado de sair da universidade, tem dificuldade em distribuir o seu talento e boa disposição por um grupo de jogadores veteranos liderados pelo melhor jogador da liga, Kareem Abdul-Jabbar. E, por último, os Lakers, enquanto empresa, são um buraco financeiro e precisam desesperadamente de alguma criatividade contabilística e de marketing, para pôr mais pessoas a ir aos jogos e para as fazer gastar mais dinheiro em camisolas e outros produtos.
Parece divertido? Acreditem que é, e toda a construção da série está feita para que possamos ser transportados para esta Era e acompanhar todos estes desafios. A produção executiva liderada por Adam Mckay (“Don’t Look Up”, “The Big Short”, “Succession”) escolheu filmar todas as cenas com um filtro a la anos 80 e, como é hábito no realizador, inclui alguns apontamentos humorísticos que passam não só pela edição, como também por cenas em que as personagens falam com a audiência, olhando diretamente para a câmara. A escolha de elenco também foi on-point combinando atores mais conhecidos como John C. Reilly, Adrien Brody, Sally Field e Jason Segel, com caras de que nos lembramos de ter visto em algum lado, mas não sabemos bem onde.
No entanto, não esperem o humor quentinho e o ritmo com o qual Ted Lasso nos deliciou. “Winning Time” é mais frenética e caótica, como símbolo daquela década, da forma como aquela equipa jogava e do perfil das diferentes personalidades que a compunham dentro e fora do campo. E, até agora, a experiência tem sido incrível.
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Podcast Acho Que Vais Gostar Disto
Imaginem o que seria uma série que misturasse Indiana Jones e Fight Club. A nova série do Disney+ é um pouco isso e apresenta um super-herói sobre o qual sabíamos pouco até esta semana. Moon Knight pega em Oscar Isaac, em distúrbios de personalidade, na mitologia egípcia e na ética para nos dar uma incrível nova aventura que não obriga ninguém a ter visto os filmes ou séries que compõem o universo da Marvel para a compreender.
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Créditos Finais
O que aconteceu no mundo da cultura pop?
“Undone”. Esta não é somente uma das melhores séries da Prime Video, é mesmo uma das melhores séries dos últimos anos (para quem gosta de notas e pontuações tem 98% no Rotten Tomatoes e 8.2 no IMdB). Não é só o facto de a animação belissimamente artística casar na perfeição com a montagem e edição do som, é a maneira como o enredo lida com tantas nuances (problemas raciais e estruturais da sociedade contemporânea, saúde mental, família) e dicotomias (ciência vs religião, bom vs mau) ao mesmo tempo que não perde a noção do que realmente trata: a perda de um ente querido e a ligação entre pai (Bob Odenkirk) e filha (Rosa Salazar). Vê aqui o trailer oficial da segunda temporada.
Moon Knight melhor do Hawkeye mas não supera Loki. A nova série da Marvel estreou há cinco dias e o Cavaleiro da Lua igualou os números de “O Falcão e o Soldado do Inverno”, superou em 20% os do Gavião Arqueiro mas não conseguiu destronar o Deus da Mentira do trono, a série mais vista da Disney+. (Deadline)
No más Coachella para Kanye West. Sem aviso, o rapper avisou que já não vai encabeçar o cartaz dos dias 17 e 24 de abril. Travis Scott era para se juntar a Ye, mas também não vai atuar. The Weeknd é um dos nomes apontados para substituir o músico. (Los Angeles Times)
Super Bock Super Rock. De regresso ao Meco em julho, o festival anunciou esta terça-feira novas confirmações. Além do concerto de Capitão Fausto & Martim Sousa Tavares, Tourist, Claptone e Foals (concerto e em formato DJ set) prometem fazer dançar nos últimos dias as hostes em Sesimbra.
Alexander Skarsgård diz que no início da carreira não o levavam a sério porque era bonito e jeitoso. Basicamente, conta que ter o rótulo “do gajo que tira a t-shirt” não ajuda a conseguir papéis complexos e com profundidade. (IndieWire)
Michael Bay comenta polémica de Will Smith. O ato é condenável, mas… “Não quero saber de uma chapada quando estão crianças a ser bombardeadas na Ucrânia”. Além disso, o realizador de Transformers (e o rei das explosões e da ação) salienta que já trabalhou com Smith e diz que “ele não é desse tipo (violento)”. E alertou que Hollywood deveria deixar de olhar para o umbigo. É que foi uma chapada, mas Will Smith já foi Muhammad Ali e o desfecho podia ter sido outro e pior. (Variety)
Pistol. A nova série de Danny Boyle sobre os Sex Pistols já tem trailer (vê aqui). Por cá, vai estrear na Disney+.
Um Herói. O filme esteve nomeado para os Óscares deste ano na categoria de Melhor Filme Internacional, mas parece que a ideia não é bem original. É que o iraniano Asghar Farhadi (vencedor de dois Óscares) foi acusado de plágio por um dos seus ex-alunos. Segundo o antigo discente de Farhadi, o filme foi beber demasiado a um documentário da sua autoria sem contemplar o devido crédito — e o tribunal deu-lhe razão. A defesa, contudo, frisa que a decisão ainda não é final. (The Hollywood Reporter)
The Flight Attendant. Como se a sobriedade e um possível homicídio não fossem por si já coisas difíceis de lidar, parece que Cassie Bowden (Kaley Cuoco) ainda tem a mente e a cabeça a trocar-lhe as voltas. “Estou a um pequenino acidente de um colapso total”, alerta-nos a hospedeira no trailer da segunda temporada da série da HBO Max (estreia a 21 de abril).
FICHA TÉCNICA
Produção MadreMedia
Newsletter escrita por
Abílio dos Reis, Mariana Santos e Miguel Magalhães
Grafismos
Diogo Gomes, Rodrigo Mendes
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