🏎️ "F1: Drive to Survive". Copiar é o maior elogio
Nesta edição da newsletter gostava que refletissem sobre a seguinte questão: poderá o processo de ver um documentário sobre a temporada de um desporto ser melhor do que o ato de acompanhar esse mesmo desporto ao longo de vários meses? A minha inclinação é que não, mas a sugestão de hoje é capaz de ser a única exceção.
Miguel Magalhães
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"F1: Drive to Survive". Copiar é o maior elogio
Quem navegar pela Netflix nestes dias irá rapidamente aperceber-se de que há uma nova série a dominar o top da plataforma. A nova temporada de “Formula 1: Drive to Survive” estreou na passada sexta-feira, precisamente uma semana antes do regresso do campeonato motorizado mais famoso do mundo inteiro. Se acham que é mera coincidência, basta olharem para a forma como a série mudou por completo a perceção da modalidade e lhe trouxe toda uma nova audiência, numa altura em que cada vez menos pessoas se interessavam por corridas.
Se és fã de Fórmula 1 e sabes do que estou a falar, perfeito. Se és daquele tipo de pessoas mais céticas, que não percebe bem qual é o interesse de uma série documental sobre senhores sentados num carro durante 60 voltas, deixa-me tentar convencer-te daquilo que torna “Drive to Survive” tão bom.
O primeiro ponto é muito simples: nem sequer tens de ser fã das corridas para gostar da série. Claro que é mais fácil, mas uma das premissas dos produtores foi que os bastidores das equipas de Fórmula 1 são muitas vezes mais interessantes do que aquilo que está a acontecer no circuito.
Numa definição mais tradicional podemos olhar para as corridas como vinte carros e pilotos a ver quem é o mais rápido e o primeiro a ver a bandeira de xadrez. Mas aquilo que a série nos mostra é que na Fórmula 1 temos não só diversas equipas umas contra as outras, como também, dentro das próprias equipas, lutas entre os dois pilotos que as representam para manter o seu lugar (e estão dispostos a tudo para o conseguir). Isto leva a que, ao longo de um ano, onde se disputam 22 corridas, aconteçam uma série de novelas motivadas pelos interesses de cada piloto: quem teve culpa num acidente, a quem é que a equipa está a dar o melhor carro, quem é que não está a cumprir as expectativas, que equipa tem mais problemas financeiros e decisões mais questionáveis, quais são os ódios de estimação. Entre outros episódios, é isto que torna a Fórmula 1 um desporto tão fascinante de acompanhar.
Se considerarmos que a maior parte dos pilotos são milionários, com vidas super privilegiadas, cujas batalhas são muito mais psicológicas do que outra coisa, porque conduzir um carro a 400km/h representa o único risco para a vida que têm, as diferentes narrativas tornam-se ainda mais interessantes.
O segundo ponto já é mais complexo: “Drive to Survive” é tão bem feito que cria um loop (que deve ser o sonho de qualquer grande jogada de marketing) em que se torna quase obrigatório ver as corridas em direto para descobrir os momentos que vão ser dignos de ser escrutinados e acompanhados pela série uns meses mais tarde. Mesmo sendo difícil medir o impacto exato da série nas transmissões ao vivo, o canal ESPN, que transmite as corridas nos EUA, partilhou que a temporada de 2021 teve mais 53% de pessoas a ver quando comparada com a de 2020. Claro que o facto de ter sido um dos campeonatos mais renhidos dos últimos anos (decidido na última corrida) terá contribuído para isso, mas o fator Netflix é inegável.
Deve ser por isso que outros desportos já estão a tentar copiar o modelo do serviço de streaming para revitalizar as audiências cada vez mais complicadas de prender durante mais do que 5 minutos. Os documentários desportivos não foram inventados pela Netflix, mas o “Drive to Survive” foi o primeiro a ser bem-sucedido a acompanhar a temporada de um campeonato, a dar visibilidade a uma grande parte dos seus intervenientes e a fazê-lo em 10 episódios amigáveis de 30-40 minutos.
Esta segunda-feira chegou ao Prime Video o “MotoGP Unlimited”, que vai tentar ter o mesmo efeito no desporto a duas rodas, acompanhando as principais incidências do campeonato onde participa o português Miguel Oliveira ou o lendário piloto italiano Valentino Rossi. Saindo das corridas, a equipa responsável por “Drive To Survive” já está a trabalhar em duas séries adicionais, onde acompanham outras duas modalidades com muito potencial de telenovela: uma delas vai acompanhar o circuito profissional de golfe, que não sei se vai ser o meu “cup of tea”; a outra vai acompanhar o circuito mundial de ténis nos quatros principais torneios da temporada — Open da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e US Open — e tem tudo para ser incrível. Só é pena ter de esperar até ao fim do ano.
“F1: Drive to Survive" está atualmente em n.º 1 no top 10 da Netflix em Portugal
Podcast Acho Que Vais Gostar Disto
No episódio desta semana do podcast, a nossa atenção foi dedicada por inteiro à chegada da HBO Max, plataforma de streaming que veio substituir a HBO Portugal, a nosso mui nobre rectângulo à beira-mar plantado. Na impossível tarefa de escolher as melhores, fizemos uma seleção de séries (umas mais óbvias, outras menos) que poderá valer a pena passares os olhos.
Falámos não só de “Station Eleven” (uns vão considerar que é demasiado pachorrenta e morosa, outros dirão que é simplesmente do melhor que a TV tem para oferecer), “Our Flag Means Death” (uma comédia de piratas) e “Peacemaker” (série protagonizada por um hilariante John Cena), mas também de "Made for Love" (uma mulher de trinta e poucos anos foge de casa depois de descobrir que o marido bilionário lhe implantou no cérebro um chip), "The Sex Lives of College Girls" (seguimos quatro jovens universitárias com as hormonas em modo “Tomorrowland” após um fim de semana em Las Vegas) e “Dafne e as restantes” (produção espanhola que explora a vida de um grupo de amigos na casa dos trinta)
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Créditos Finais
O que aconteceu no mundo da cultura pop?
“O Padrinho”. Fez no início da semana 50 anos que o clássico de Francis Ford Coppola estreou nos cinemas. Tido como um dos melhores filmes jamais feitos, contou com 10 nomeações para os Óscares, tendo vencido três: Melhor Filme, Melhor Ator Principal e Melhor Argumento Adaptado. Sendo um marco histórico de um filme histórico, não tivemos outra opção que não fazer um episódio especial para falar um pouco sobre tudo isto no nosso podcast. Ouve aqui a homage Acho Que Vais Gostar Disto a Don Corleone.
Festival Eurovisão da Canção. "Saudade, saudade", escrita e interpretada por MARO, foi a canção escolhida para representar Portugal em Itália. Quem é MARO? É Mariana Secca, que começou a tocar piano à tenra idade dos quatro anos e que viajou até aos Estados Unidos para estudar na escola de música Berklee, em Boston, de onde saíram nomes como St. Vincent, John Mayer, Diana Krall ou Luísa Sobral. Se quiseres saber mais, a Blitz traçou o perfil da vencedora do Festival da Canção.
“Obi-Wan Kenobi”. Segundo a The Hollywood Reporter, o ator Ray Park (o icónico Darth Maul em “A Ameaça Fantasma”) esteve para voltar à saga Star Wars (andou a fazer testes, treinos e tudo). Mas como esse plano era muito semelhante ao trilhado em “Mandalorian” por Jon Favreau e co, foi cancelado. No entanto, o artigo original foi atualizado, com fontes ligadas à LucasFilm a contradizer esta versão e alegando que um regresso do vilão nunca esteve em cima da mesa.
“Ms. Marvel”. A Marvel não só revelou o trailer da nova série como até anunciou a data em que vai ficar disponível no Disney+: 8 de junho. Vê aqui o trailer da primeira super-heroína muçulmana deste conhecido Universo Cinematográfico e fica a conhecer Kamala Khan, uma adolescente norte-americana de Jersey City que além de ser uma mega fã de super-heróis, tem uma enorme imaginação e fascínio pela Capitão Marvel.
“Elite”. A Netflix revelou a data do regresso às aulas no colégio “Las Encinas”: dia 8 de abril. Segundo consta, será uma quinta temporada “sem regras, sem rótulos, sem controlo”. Este não é, já se sabe, o fim. É que a sexta temporada já foi anunciada pela plataforma no ano passado.
“DMZ”. Baseada na novela gráfica da DC Comics com o mesmo nome, esta minisérie leva-nos até um futuro distópico, no qual uma mulher (Rosario Dawson) percorre uma zona desmilitarizada de Manhattan — Nova Iorque virou cenário de “I Am Legend” visto que os Estados Unidos estão em guerra com os Estados Livres da América — numa procura angustiante pelo filho perdido. A primeira parte (de quatro), realizada por Ava DuVernay, estreia a 18 de março (sexta-feira) na HBO Max. Trailer aqui.
BAFTA. Os prémios, vulgarmente conhecidos por Óscares britânicos, já revelaram quem levou as máscaras douradas para casa e parece que há um novo frontrunner para sagrar-se o vencedor dos Óscares: “O Poder do Cão”. Apesar de “Duna” ter levado mais prémios (cinco), o filme de Jane Campion conquistou os dois mais cobiçados da cerimónia – de melhor filme e realização. A lista completa dos vencedores aqui. Vitória importante depois de já ter conquistado o galardão da associação dos críticos.
Guia Completo dos Óscares. A The Wrap fez um guia com tudo o que precisas de saber sobre os nomeados. Mas atenção: quando se diz que é um guia completo, é mesmo algo completo. Num estilo “Wiki”, tens aqui material para que quando chegar a grande noite sejas um especialista na matéria.
Diane Kruger: “Senti-me como carne”. Foi assim que a atriz alemã se sentiu em 2003 quando teve de fazer uma sessão de teste para “Troy” perante um executivo do estúdio que estava a produzir o filme. “Senti-me como carne, ali a ser olhada de alto a baixo, enquanto me perguntavam ‘porque é que achas que devias de ser tu a ficar com o papel?'", confidenciou à Variety.
“Downton Abbey: The Official Podcast”. Não te cansas dos Crawley e mal podes esperar que “Downton Abbey: A New Era” fique disponível? Ora, se é o caso, uma novidade: já está aí um podcast (oficial) que vai revisitar todas as histórias da saga. Sabe mais e ouve o primeiro episódio (com o criador Julian Fellowes) neste link.
“Top Gun: Maverick”. A sequela do original de 1986, que ajudou Tom Cruise a criar o seu status de estrela maior de Hollywood, vai voar pela “Danger Zone” em Cannes. Ou, piadas à parte, vai ter a sua estreia mundial no festival francês, em maio. O filme decorre 30 anos depois dos eventos do primeiro e a fazer companhia a Cruise estão os atores Miles Teller, Jennifer Connelly, Jon Hamm e Val Kilmer. Depois de dois anos de adiamentos a contas com a pandemia, a estreia nos EUA está marcada para o dia 27 de maio.
FICHA TÉCNICA
Produção MadreMedia
Newsletter escrita por
Abílio dos Reis, Mariana Santos e Miguel Magalhães
Grafismos
Diogo Gomes, Rodrigo Mendes
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