🧟 Este pesadelo pode dar um Óscar
Hoje vou falar-te de um filme pelo qual tivemos de esperar alguns anos, mas que está quase quase a chegar aos cinemas e vale completamente a pena. Tem Bradley Cooper, Cate Blanchett, Willem Dafoe (e umas quantas outras estrelas) e é um autêntico freak show. Já sabes de que é que estou a falar? Conto-te tudo já de seguida.
Mariana Santos
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Este pesadelo pode dar um Óscar
Começo o texto com uma pergunta: Quanto tempo tem de passar para que seja aceitável fazer uma nova versão da mesma história? A resposta é muito relativa, mas normalmente os grandes aniversários são uma ótima desculpa para fazer remakes. Para “Nightmare Alley” foram preciso 75 anos e eu arrisco-me a dizer que não há assim tantas pessoas que sofram com receio de não serem surpreendidas por este novo filme.
O original é de 1947 e é, como tantos outros, uma adaptação de um livro com o mesmo nome, de William Lindsay Gresham. Desta vez, quem lhe deu uma nova vida foi o realizador Guillermo del Toro (que parece ter um fascínio por criaturas estranhas, depois de “A Forma da Água”), com o título “Nightmare Alley - Beco das Almas Perdidas”, e até já há quem aponte este filme como uma das estrelas dos próximos Óscares. Nós tivemos acesso antecipado à longa-metragem e a verdade é que é, no mínimo, uma história desconcertante.
Quando o filme começou, logo nos primeiros minutos, vi Stan, a personagem principal, a arrastar um corpo pelo chão e rodeado de chamas, e fiquei com a sensação de que não vinha aí coisa boa. Aliás, coisa boa vinha, mas não me parecia ser para qualquer estômago, e a minha intuição estava certa. Stan é um homem misterioso, cujo passado só vamos descobrindo ao longo do filme através de flashbacks como aquele que te descrevi. Ele decide juntar-se a um circo ambulante que, entre diversas atrações, tem como principal, aquela que acumula multidões - a “aberração” (nome que, só por si, já é bastante assustador). Não é bem um homem, não é bem um animal, é uma espécie de besta mantida em cativeiro e cujo principal talento é… matar galinhas.
Se, inicialmente, Stan se junta a esta equipa apenas com o objetivo de ajudar a montar e desmontar o circo, rapidamente vai ganhando a confiança de toda a equipa, que lhe vai contando os truques por detrás daquele freakshow, até que ele próprio consegue ter o seu próprio número no circo. Assoberbado pelo sucesso e cego pela ambição, Stan decide que é melhor do que aquilo que o rodeia e acaba por abandonar aqueles que o acolheram quando não tinha nada, tornando-se num mentalista de sucesso. Ora, quem tudo quer, tudo perde, já dizia a minha avó. Por isso, conseguem mais ou menos imaginar onde é que isto tudo vai dar, não é? E não, não te preocupes porque esta não é a história toda, prometo que há muito mais que pode fazer valer a pena ires ver ao cinema.
No entanto, por incrível que pareça, não é a história que é o ponto forte deste filme. Aliás, a lição de moral não é particularmente surpreendente e a meio já conseguia mais ou menos perceber alguns contornos do futuro de Stan. Quem brilha verdadeiramente aqui é o cast e algumas das escolhas cinematográficas. Mas vamos por ordem!
A personagem principal, que te descrevi acima, é interpretada por Bradley Cooper, que cada vez mais nos convence de que não consegue fazer um mau papel. A ele juntam-se uma longa lista de atores que fazem interpretações brilhantes e que nos fazem acreditar que um filme composto quase só por bad guys não é assim tão mau. Willem Dafoe faz o papel de chefe do circo, uma das personagens que menos escrúpulo tem, mas de um modo que lhe fica tão bem. Depois temos Cate Blanchett e Toni Collette, num registo de femme fatale muito surpreendente. E a eles juntam-se uns quantos outros que parecem ter sido escolhidos na perfeição.
Quanto à cinematografia, o ar de western misturado com um toque de ficção científica fazem um bom cocktail que, no final de contas, é servido como um thriller. Aliás, no Rotten Tomatoes, onde acumula já uma classificação dos críticos de 80%, há quem o descreva como um “thriller noir moderno com um toque agradavelmente polpudo” — o que quer que isso queira dizer. A verdade é que todos os fatores contribuem para que nós, enquanto espetadores, estejamos sempre atentos, como se nos estivesse a escapar alguma coisa, ou como se estivéssemos à espera de que a qualquer hora a aberração se fosse soltar e devorar todas as personagens no ecrã do cinema. Spoiler alert: isso não acontece, mas ainda assim há umas quantas cenas mais gráficas!
Há quem diga que o original é melhor. Mas para vos dar o veredicto final teria de ir desenterrar um leitor de cassetes VHS. Quem sabe, numa newsletter futura.
👉 Ficaste curioso e queres ir ver “Nightmare Alley: Beco das Almas Perdidas” ao cinema? O filme chega às salas portuguesas na próxima quinta-feira, dia 27 de janeiro. Espreita aqui os horários.
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