🙇 E depois de "After Life"?
Nem sempre é fácil lidar com o fim de uma série, e a verdade é que não é todos os dias que encontramos logo de seguida uma “substituta”. Eu tive sorte e hoje vou contar-te tudo sobre uma que, em apenas meia hora, me deixou com a certeza de que vou contar os dias até à estreia dos próximos episódios. Queres descobrir qual é? Para leres já de seguida.
Mariana Santos
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Já todos ouvimos (e dissemos) coisas como “Tens de ver esta série, é incrível. O primeiro episódio não puxa mas depois…” ou “Aquilo lá para a terceira temporada tem um twist épico, só tens é de aguentar até lá chegar”. Bem… ain’t nobody got time for that! Ou, pelo menos, às vezes sentimos falta de um conteúdo que nos agarre logo desde o início.
Não sei se foi por estar embalada por um binge watch de “After Life” (cuja terceira temporada chegou à Netflix há uns dias), mas as parecenças ajudaram ao efeito de “amor à primeira vista” que me aconteceu com uma das estreias mais recentes da HBO. “Somebody Somewhere” chegou sem grandes alaridos. Nem os atores nem os próprios criadores têm nomes super reconhecíveis (vale o que vale, mas alguns nem página de Wikipedia têm), mas cheira-me que vai ser daqueles conteúdos que vai ganhar estatuto com o tempo.
Mas afinal, o que é que a série de Ricky Gervais e esta nova estreia têm em comum? Primeiro que tudo (e provavelmente a única coisa): o tema. Tal como Tony (em “After Life”) está perdido e revoltado depois da morte da sua mulher, em “Somebody Somewhere” conhecemos Sam, que está igualmente perdida depois de ver a sua irmã partir (nos dois casos devido a doença). Os acontecimentos mais recentes obrigaram-na a voltar à sua cidade natal, no Kansas, e, para além do luto, enfrenta uma travessia no deserto que a faz duvidar de quem realmente é e onde pertence.
Tirando isto, pouco ou nada tem a ver, e acredito que as parecenças só tenham surgido pela proximidade com que vi os episódios. Mas vou deixar a apreciação de “After Life” para o nosso podcast e vou focar-me na minha mais recente descoberta.
Há várias razões que me vão fazer continuar a ver “Somebody Somewhere”. Para começar, a personagem principal, Sam, é interpretada por Bridget Everett, uma comediante que colabora frequentemente com Amy Schumer, e aqui percebe-se de caras que as vibes são muito parecidas. (Aliás, deixo-te aqui uma das suas performances mais icónicas). Depois, a simplicidade da história que conta são muito cativantes. Desde a família disfuncional de Sam que, em vez de se unir neste momento difícil, opta por piorar todas as situações, às recordações traumáticas que voltar à sua cidade, onde todos parecem ter sido melhor sucedidos do que ela, lhe traz. Quem nunca?
Claro que, ainda assim, “Somebody Somewhere” não me parece deixar de fora alguma excentricidade. O maior apoio da personagem principal (ou pelo menos assim parece ser pelo primeiro episódio) é Joel, responsável por um “grupo coral” que é, na verdade, só uma desculpa para juntar umas quantas pessoas para fazer a festa. Ainda que a sua personagem pareça ser mais tímida e recatada, é neste detalhe que Bridget Everett dá algum do seu cunho à personagem, com performances que trazem de volta a voz pela qual Sam era conhecida na altura do secundário. Neste primeiro episódio, temos direito a um dueto fofinho da música “Don’t Give Up” de Peter Gabriel e Kate Bush. O que é que será que se segue?
Pouco ou nada se sabe sobre o que é que vem aí, mas se tivesse de apostar, colocaria todas as minhas fichas numa comédia dramática sobre o luto e o estado de dormência. Mas confesso que gostava de ver algum empowerment misturado com esta comédia dark e irónica. Talvez até um glow-up de Sam com um final feliz e fofinho, com uma moral da história previsível tipo “nunca estás sozinha e existem pessoas que vão estar lá sempre para ti, passe o tempo que passar”. Porque nem todas as séries precisam de ser épicas e de ter um twist. E uma comédia dramática cheesy também faz bem de vez em quando.
Os episódios de “Somebody Somewhere” estreiam semanalmente, a primeira temporada vai ter sete, e o melhor é mesmo esperar para ver.
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Podcast Acho Que Vais Gostar Disto
O último episódio é dedicado à série do momento, que bateu recordes e é a mais vista de sempre da plataforma de streaming da HBO Max. Falamos, claro, de “Euphoria” — que os anfitriões colocam a hipótese de ser a “Skins” da Geração Z (outra série sobre a infâmia da adolescência, mas de origem britânica e que catapultou uma onda - das da Nazaré - de atores ingleses para a ribalta internacional).
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Créditos Finais
O que aconteceu no mundo da cultura pop?
Moon Knight: Cavaleiro da Lua. O Disney+ divulgou hoje o poster e o trailer da nova série da Marvel. De acordo com a info oficial, a trama acompanha “Steven Grant, o simpático funcionário de uma loja, que vive atormentado por blackouts e memórias de outra vida”, que descobre sofrer de Transtorno Dissociativo de Identidade e partilha o corpo com o mercenário Marc Spector. À vista desarmada, parece que a série está a distanciar-se um pouco do PG-13 e assumir um lado mais sombrio. Oscar Isaac e Ethan Hawke protagonizam e a estreia está agendada para o próximo dia 30 de março. Vê aqui.
Joss Whedon quebra o silêncio. Escreveu muitas coisas e residiu no mais alto pedestal Hollywoodesco pelo seu apoio ao feminismo e sucessivos sucessos, além de conseguir a façanha de ser um nome conhecido por escrever séries (“Buffy”, “Firefly”) antes de as séries serem o que são atualmente. No entanto, agora, ninguém quer trabalhar com o realizador de “The Avengers”. Numa (longa) entrevista à Vulture aborda as acusações de que é alvo, os tempos conturbados de “Justice League” e muito mais.
“The Power of the Dog” ultrapassa “Roma”. O filme de Jane Campion já arrebatou 21 prémios de Melhor Filme, superando o recorde de um original da Netflix. Será este o ano em que a plataforma ganha finalmente o Óscar na categoria rainha? Nos últimos anos, “Green Book” levou a melhor sobre “Roma”, “Parasitas” celebrou Bong em vez de “The Irishman” fazer o mesmo com Scorsese e “Nomadland” bateu “Mank”. Em 2022?
“Inventing Anna”. Já está disponível o trailer da nova mini-série de Shonda Rhimes (criadora de “Anatomia de Grey” e “Scandal”) para a Netflix (depois de “Bridgerton”). Com estreia marcada para 11 de fevereiro, esta segue a fábula verídica da socialite Anna Delvey — uma das impostoras mais glamorosas da história. Protagonizada por Julia Garner (a Ruth Langmore de “Ozark”), tem todos os ingredientes para se tornar num dos temas mais badalados. Ora espreita aqui.
Eddie Vedder revelou recentemente mais detalhes sobre “Earthling”, o seu próximo álbum a solo. O disco conta com as colaborações de Stevie Wonder, Elton John, Ringo Starr, Glen Hansard, Chad Smith (baterista da Red Hot Chili Peppers) e Josh Klinghoffer (antigo guitarrista dos Red Hot). Mas, melhor do que estas novidades, partilhou uma nova canção: "Brother the Cloud". Ouve aqui.
Os Brockhampton anunciaram há uns dias que vão fazer uma pausa. A banda de hip hop americana fez chegar a notícia de que ia fazer um hiatus indefinido, e os fãs portugueses ficaram particularmente tristes porque já não vão poder assistir a músicas como “Sugar” e “Sweet” na próxima edição do festival Super Bock Super Rock (onde foram confirmados há uns tempos). Se tudo correr bem, não é um adeus, é um até já.
FICHA TÉCNICA
Produção MadreMedia
Newsletter escrita por
Abílio dos Reis, Mariana Santos e Miguel Magalhães
Grafismos
Diogo Gomes, Rodrigo Mendes
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