Acho Que Vais Gostar Disto: Para a Netflix, isto é um tesouro
A opinião geral dos críticos e das audiências nem sempre é a mesma e, ao longo da História da sétima arte, há vários exemplos de filmes completamente desmanchados pelos media, que acabaram por ser grandes sucessos de bilheteira. Basta olhar para os últimos seis “Velocidade Furiosa”. A primeira sugestão de hoje poderá entrar nesta categoria. A segunda é uma série com vibes de “Black Mirror”, mas mais calminha. Para leres já de seguida!
- Miguel Magalhães
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Para a Netflix, isto é um tesouro
Que fique claro: não acho “Red Notice”, que estreou na sexta-feira na Netflix, um filme memorável. A história não é super criativa, a filmagem não é muito original e abusa um pouco dos efeitos especiais e os três — protagonistas Dwayne Johnson, Ryan Reynolds e Gal Gadot — acabam por representar papéis não muito distintos da sua personalidade.
Agora, antes de ver o filme, se me tivesse baseado em algumas das críticas de alguns dos principais meios, “Red Notice” parecia ser o pior filme da História. Uma razão para tais opiniões pode ser as expectativas criadas por elenco tão popular. Não é que qualquer um dos atores se tenha destacado em algum filme nomeado para o Óscar (até porque a maior parte deles acabou por ganhar protagonismo em filmes de super-heróis e de ação), mas há uma natural curiosidade quando se juntam três figuras tão sonantes no mesmo projeto.
Depois há ainda a clássica desconfiança com um filme da Netflix. É verdade que a plataforma de streaming não tem primado pelos projetos de maior qualidade e, fora algumas exceções como “The Irishman”, “Marriage Story” e mais recentemente “Passing”, a aposta em comédias ou filmes de ação “série B” tem feito a maior parte dos críticos de cinema revirar os olhos com as longas-metragens originais do serviço. “Red Notice” acaba por se inserir nesta categoria e, portanto, foi mais uma oportunidade para questionar o critério da Netflix para os filmes que decide produzir/apoiar.
No meu caso, olho para este filme como uma boa companhia para um domingo à tarde, sem uma narrativa demasiado complexa e com ação suficiente para me manter entretido durante 1 hora e 57 minutos. Na história, começa por nos ser apresentada uma lenda: há 2.000 anos, o imperador romano Marco António ofereceu à Rainha Cleópatra três ovos de ouro, um símbolo do seu amor impossível, que culminou em ambos tirarem a própria vida por não conseguirem estar juntos. Quanto aos ovos, acabaram por ir sendo vendidos sucessivamente a reis e magnatas (que foram beneficiando do crescente valor destes artefactos) e nunca mais estiveram no mesmo espaço até aos dias de hoje.
Só que, agora, um bilionário egípcio quer oferecer os três ovos à sua filha como prenda de casamento e comunica que está disposto a oferecer 300 milhões de euros à pessoa que os conseguir trazer intactos. Problema? Um dos ovos está num museu em Roma, outro está no cofre de um criminoso e o terceiro está desaparecido. Por isso, este é um trabalho que só está ao nível dos melhores ladrões do mundo. Um deles é Nolan Booth (Ryan Reynolds), que conhecemos em Itália, com a vida pouco facilitada. Por um lado, tem o agente do FBI John Hartley (Dwayne Johnson) e a Interpol no seu encalço. Por outro, tem um ladrão rival, o Bispo (Gal Gadot), que tem comprometido alguns dos seus assaltos dando informações à polícia.
Na busca pelo primeiro ovo, é precisamente isso que volta a acontecer. O Bispo encontra uma maneira de ficar com o ovo e de não só incriminar Booth, como o próprio agente que estava na sua perseguição. Fechados numa prisão de máxima segurança na Rússia, o ladrão e o polícia são obrigados a formar uma parceria improvável para escaparem e limparem o seu nome. Só que para Booth isso significa roubar primeiro os três ovos, enquanto para Hartley, o importante é apenas apanhar o Bispo, por isso, os seus objetivos e planos não estão sempre alinhados.
É neste ambiente de conflito que o filme vai evoluindo, tendo pelo meio várias viagens pelo mundo, a descoberta de segredos de um colecionador de arte nazi e ainda uma tourada. Eu sei que parece confuso, mas no final até acaba tudo por fazer algum sentido. “Red Notice” é claramente uma tentativa da Netflix de ter o seu próprio franchise de caças ao tesouro e, não dando spoilers, o final algo forçado só existe para justificar uma sequela, que provavelmente vai acontecer. Está longe de ser um “Indiana Jones”, mas para o serviço de streaming também não é isso que interessa. Desde que tenha milhões de pessoas a ver e subscrever a sua plataforma, o filme já lhe dá todo o ouro de que necessita.
Reviews à parte, há alguns números que ajudam a mostrar que nem sempre os líderes de opinião representam o consenso geral sobre um filme:
“Red Notice” é o conteúdo mais visto na Netflix nos últimos quatro dias, no mundo inteiro.
No Rotten Tomatoes, apesar de o filme ter a aprovação de apenas 39% da crítica, o indicador das audiências indica uma aprovação de 92%.
Falta só verem o filme e escolherem de que lado ficam.
Podcast Acho Que Vais Gostar Disto
Glória: À conquista da Netflix!
O episódio mais recente do nosso podcast foi focado em “Glória”, a primeira série portuguesa na Netflix. Eu, o João Dinis e a Mariana Santos falámos do que gostámos mais, das nossas personagens favoritas, da possibilidade de uma segunda temporada e de batatas fritas Ti-ti, que, como poderão descobrir, são posteriores a 1968, ano em que o enredo da série se desenrola.
Mas nem só de palmas à produção nacional se fez este episódio. Houve ainda tempo para falar de uma outra série da plataforma de streaming que está a surpreender quem não é entendido e a causar nostalgia aos pros de League of Legends. "Arcane" pode ser o novo fenómeno na Netflix. Depois de, no espaço de uma semana, ter sido um dos conteúdos mais vistos em todo o mundo, será que está encontrada a oposição que vai tirar "Squid Game" do trono?
Descobre isto e muito mais no novo episódio do podcast. Ouve aqui!
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A novidade escondida do Disney+
Na passada sexta-feira, celebrou-se o #DisneyPlusDay, o dia que marcou o segundo aniversário do serviço de streaming e a Disney aproveitou a ocasião para lançar novas coisinhas na sua plataforma e anunciar outras que vão chegar até ao fim deste ano e em 2022 (vê quais foram aqui).
No Disney Plus, passaram a ficar disponíveis filmes como “Jungle Cruise” e “Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis”, mas enquanto navegava na plataforma foi uma série que me captou a atenção, com a pessoa que tinha na “capa”. Tratava-se de BJ Novak, ator conhecido pelo seu papel como Ryan em “The Office” e, como fã da sitcom, achei que podia dar uma oportunidade a esta nova série chamada “The Premise”.
Depois de ver a lista de episódios e os segundos iniciais do primeiro, rapidamente me apercebi de duas coisas: um, BJ Novak não era o protagonista, mas sim o criador e argumentista da série; dois, a série era uma espécie de antologia para os tempos modernos, um bocadinho ao estilo de “Black Mirror”, mas com fenómenos do nosso dia a dia e não com realidades mais distópicas como é o caso da série britânica.
Portanto, cada episódio de “The Premise” é uma história isolada, com atores diferentes. No entanto, o genérico conta sempre com Novak a fazer uma espécie de introdução rápida ao que vai acontecer. Não é muito comum, o próprio criador ter um papel de destaque à frente da câmara (só o Hitchcock é que me vem à cabeça) e foi uma das coisas de que gostei e que acho que dá um bom mote a cada episódio. Quanto às histórias, não há propriamente um assunto central, mas sim uma série de temáticas entre redes sociais, direito civis e a woke culture que, de uma forma ou de outra, acabam por estar quase sempre presentes.
Num dos episódios, a defesa em tribunal de um ativista do movimento Black Lives Matter está dependente de uma sex tape de um millennial branco, que começa a duvidar da sua decisão de ajudar, quando percebe os efeitos que isso está a ter na sua vida. Noutro, um homem que perdeu um filho num tiroteio na escola onde estudava decide ir trabalhar para uma organização de lobby de armas como relações públicas com todo um plano por detrás.
Em episódios de 30 minutos, mais do que fazer uma exploração exaustiva de um problema, BJ Novak preocupa-se mais em criar empatia sobre uma situação e pôr-nos a pensar sobre ela. No final de cada episódio é normal sentirmos um sabor agridoce e procurarmos mais respostas ou mais informações sobre o porquê de aquelas personagens estarem naquele contexto. Olho para isso como um sinal de que a série cumpriu a sua “premissa”.
Créditos Finais
Sugestão musical da semana. This one (não é Taylor Swift, mas podia ser).
Taylor Swift. Vê aqui os dois mini-filmes lançados pela artista para “All Too Well” e “I Bet You Think About Me”.
Free Britney. A artista está finalmente livre da “conservatorship”, que a impedia de tomar decisões importantes sobre a sua vida pessoal e profissional. Relembra toda a história neste episódio do nosso podcast.
A XBOX fez 20 anos. Neste artigo da Protocol, poderás ler a história de como se tornou num sucesso no mundo do gaming.
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