Nunca mais chega segunda-feira
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Lisboa estará sob cerco aos fins de semana
Teremos nós, lisboetas, a mesma coragem dos troianos, que foram cercados por aqueus durante dez anos, ou na manhã de sábado já estaremos com o temperamento de um concorrente do Big Brother que, após quinze minutos fechado, parte uma cadeira nas costas de Fábio F. pois tem com ele pouca afinidade?
A decisão afeta apenas os residentes, todos os trabalhadores que vêm de fora podem entrar na cidade para ganhar o pão. Há aqui uma interseção entre estes dois universos que não foi tida em conta pelos senhores doutores da assembleia: então e os jornalistas que fazem a cobertura do trânsito? O seu trabalho depende de Lisboa, mas deixa de fazer sentido se as pessoas forem proibidas de circular em Lisboa. É por isso que lhes dedico a minha crónica desta semana. Só eles sabem o desafio que será, nos próximos fins de semana, encher chouriços sobre uma fila de carros na nacional de Benavente causada por um tuk tuk de caixa-aberta carregado de melancias, apenas porque não há grande coisa para dizer sobre os acessos ao tabuleiro da Ponte 25 de Abril.
Para tornar menos claustrofóbico o fim de semana na área metropolitana de Lisboa, ou num outro qualquer distrito do país que se veja fechado em casa, sei lá, por causa de vento picado capaz de atirar sobreiros para cima de seres humanos, vai aqui a minha ajuda.
Este fim de semana dêem uma chance a "Dave".
A série realizada por Dave Burd, o humorista por detrás do rapper Lil Dicky, está de volta depois de uma primeira temporada de sucesso em 2020.
Dave, neste regresso, surge-nos a gravar na Coreia do Sul o videoclip do seu primeiro single. Anda atrás de um viral que o atire para o sucesso mundial e vê no K-Pop, um sub-género da pop com influência coreana, um atalho mais curto para lá chegar. Somos então confrontados com este Dave, perdido e ao mesmo tempo conformado com as suas más decisões, que parece ter desistido de fazer a sua cena e estar agora refém do algoritmo que privilegia refrões que combinam não mais do que seis palavras durante três minutos. “I TAKE A SHIT IN KOREA”.
O final da primeira temporada fazia-nos crer num Dave mais amadurecido nesta segunda, mas a verdade é que ele nos aparece sem ter certeza do seu caminho. Dave esqueceu-se de algumas aprendizagens do passado (eu não me esqueci e cobro-lhe isso) e parece ver nesta pop fácil para carrinhos-de-choque um trampolim para lançar a sua carreira a qualquer custo.
Este conflito interior do artista, contado na primeira pessoa, entre aquilo que ele quer fazer - a sua cena - e aquilo que lhe dará clout para atingir os números - o tal cocó na Coreia - não é coisa nova. Seinfeld escreveu "Seinfeld", Louie escreveu "Louie", e Dave ao escrever "Dave" pôs-se a jeito de tweets de uma conta falsa com 0 seguidores a acusá-lo de “MAIS DO MESMO”. Mas Dave não se limita a repetir a fórmula da série de comédia ego-depreciativa cujo título é o nome do próprio autor.
O que torna Dave fresco é a constante surpresa nas soluções que apresenta quando os obstáculos se atravessam na sua carreira. A sua aprendizagem é sempre à custa da desgraça. Mesmo quando as coisas se alinham, sabemos que a tragédia pode estar iminente.
Vamos ver para onde vai. Deixa-me apreensivo esta segunda temporada recomeçar mais atrás do que aquilo que o enredo da primeira me fazia acreditar, mas, por outro lado, enquanto que a primeira temporada se escondeu atrás do seu micro-pénis durante demasiado tempo, esta segunda começa logo com alguma tensão que nos faz perceber que há coisas mal resolvidas na sua cabeça.
Se precisarem de mais coisas para aguentar o cerco:
O álbum de Inside já está disponível no Spotify. Podem ouvir as músicas do último especial de Bo Burnham - juro que é a última vez que escrevo sobre ele - à vontade, sem terem de deixar o YouTube aberto no telemóvel porque não subscrevem o premium.
A segunda temporada de "Lupin" estreou na Netflix e é uma boa série, daquelas que entretém e nunca se leva demasiado a sério, para ver enquanto se controla ao mesmo tempo um Suécia - Polónia sem ter que carregar muitas vezes no botão para voltar atrás dez segundos.
Este fim de semana há um grande prémio de Fórmula 1 em França e se não quiserem gastar mais dinheiro este mês não leiam este parágrafo até ao fim. Para quem vibra com as curvas obtusas do Verstappen e com as transmissões de rádio do Vettel, a F1TV é a melhor maneira de acompanhar as corridas. Todas as semanas, desde os treinos livres de quinta-feira até à corrida de Domingo, a cobertura da televisão oficial mostra-nos todos os ângulos do circuito, sendo até possível fazer um split screen com a visão do condutor e acompanhar a luta entre dois pilotos. Cuidado para não enjoarem com a velocidade.
É isso. Nunca mais chega segunda-feira.
Será o fim de uma era na cultura pop?!
Foram 14 anos, 20 temporadas e muito, muito dinheiro envolvido pelo meio. "Keeping Up With The Kardashians" chegou ao fim, e o João Dinis, o Miguel Magalhães e a Mariana Santos não podiam perder a oportunidade de abordar o tema. No novo episódio do podcast, falaram sobre o seu sucesso de este que é um dos reality shows mais populares de sempre e que acompanhava a família mais conhecida da cultura pop, e das razões pelas quais gostamos de ver "ricos a serem ricos".
Para além disso, em destaque esteve ainda "Elite", cuja quarta temporada já chegou à Netflix. A série espanhola mistura sexo ecrime numa escola secundária para jovens de famílias abastadas, e esta parece ser uma fórmula de sucesso - será que vale a pena mudá-la?
Ouve aqui o 4º episódio do podcast "Acho Que Vais Gostar Disto" (no Spotify) e deixa os teus comentários em vaisgostardisto@madremedia.pt ou no chat do nosso Instagram.
Esperemos que gostes disto!
Equipa Acho Que Vais Gostar Disto
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