Acho Que Vais Gostar Disto: Haverá algo mais 2021?
Esta semana já ninguém quer saber de “Friends”, mas, se ainda não ouviste o primeiro episódio do nosso podcast, poderás fazê-lo aqui e dar a tua opinião sobre o que gostaste mais. Na newsletter de hoje, falamos de uma série terapêutica e de outra que traz um herói da Marvel às origens. Para leres já de seguida!
- Miguel Magalhães
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Todos dizem que falar faz bem
Arrisco-me a dizer que até ver “In Treatment” no fim-de-semana, não tinha encontrado nenhuma série ou filme a conseguir incluir a pandemia numa história sem que esse contexto parecesse forçado ou pouco genuíno (se tiveres sugestões, responde-me a este e-mail). A pandemia, no que diz respeito ao entretenimento, é aborrecida e, a não ser que estejamos à procura de histórias apocalípticas onde uma “cura” faz o mundo rapidamente voltar ao normal, não dá (ou não tem dado) as storylines que nos fazem ficar agarrados ao ecrã.
“In Treatment” (ou Terapia) regressou à HBO depois de um hiato de dez anos. Entre 2008 e 2010, a série teve três temporadas que foram amplamente elogiadas e que receberam as condecorações do costume entre Emmys e Globos de Ouro. Durante esse período, acompanhou a história de um terapeuta, o Dr. Paul Weston, que semanalmente tinha sessões com vários pacientes que procuravam nele as respostas para os problemas que encontravam na sua vida. No entanto, praticamente em simultâneo, o próprio terapeuta perde cada vez mais confiança na sua capacidade de os ajudar devido a complicações na sua vida pessoal.
Foi isto que retirei dos cinco episódios que vi da primeira temporada, da qual saltei logo para a quarta, que estreou na semana passada. Passo a explicar porquê.
Primeiro, devido à estrutura da série. Antes de o streaming introduzir o binge e as temporadas de 10 episódios lançados de seguida, “In Treatment” introduziu uma espécie de cadência de telenovela em séries dramáticas: um episódio novo por dia durante várias semanas seguidas, para criar a sensação na audiência de que vivia o dia a dia daquele terapeuta e de que tinha uma cadeirinha ao lado dele, enquanto ouvia os pacientes que se sentavam no seu sofá. Ora, este esquema levou a que cada temporada tivesse 35 a 45 episódios (de 25 minutos), um objetivo demasiado ambicioso para quem tinha uma newsletter para escrever até terça.
Segundo, a nova temporada está desligada q.b. da história das anteriores. A estrutura de um episódio por dia mantém-se (já estão seis disponíveis), mas temos agora uma nova terapeuta, a Dr. Brooke Taylor, e, claro, novos pacientes a precisar dos seus conselhos. Perfeito para algum FOMO que pudesse ter por estar a ignorar grande parte da série.
Vamos então a esta nova história. Algures no início de 2021, a Dr. Brooks continua a trabalhar confinada. As campanhas de vacinação ainda não lhe deram confiança suficiente para regressar ao seu consultório e por isso continua a ter sessões com os seus pacientes em sua casa ou através de uma videochamada. Apesar do contexto da pandemia, esta acaba por aparecer de forma subtil e nunca foi (para já) o principal tópico das conversas que a terapeuta tem com os três pacientes que, ao que tudo indica, vamos acompanhar durante a temporada.
Não deixa de ser uma surpresa, dado o impacto negativo comprovado que a pandemia teve na saúde mental de cada um de nós, que a tornava num tema óbvio. Contudo, na série da HBO, o vírus raramente é o culpado pelas situações que cada um dos pacientes está a enfrentar. Um deles é um enfermeiro com insónias com medo de perder o emprego por isso. Outro é um empresário obrigado por um tribunal a fazer sessões de terapia, depois de ter cometido fraude. E, por último, temos uma jovem de 18 anos, cuja avó a obrigou a falar com a Dr. Brooks por “querer ser lésbica”.
“In Treatment” no papel tinha tudo para se tornar uma coisa chata. 25 minutos de diálogo sobre problemas e traumas parece ser a última coisa que precisamos de estar a ver e ouvir, mas a série consegue dar a volta a isso com personagens interessantes e com a dramatização de conversas que, na vida real, provavelmente só apareceriam na quinta ou sexta sessão, em vez de logo na primeira (ou não aconteceriam de todo). No final, cada episódio até pode ter um efeito terapêutico. Não no sentido de nos relacionarmos diretamente com os problemas das personagens, mas na forma como ver pessoas a libertar angústias nos pode incentivar a fazer o mesmo, principalmente depois deste ano digamos... atípico.
De volta às origens
Voltemos à ação e à carnificina. Thor é um dos heróis mais queridos da Marvel, mas continua a ser uma personagem que Stan Lee foi roubar à Mitologia Nórdica e à qual deu um flavour americano que, uns anos mais tarde, ia tornar o ator Chris Hemsworth uma estrela mundial e provavelmente incapaz de ser reconhecido por qualquer outro papel.
“Ragnarok” (não confundir com o terceiro filme de Thor, até porque a Disney não deixa) é uma série da Netflix que tenta trazer o Deus do Trovão às suas origens. Nela ficamos a conhecer Magne e a sua família, que acabaram de se mudar para uma cidade norueguesa fictícia, conhecida por ter sido a última a converter-se ao Cristianismo e a largar os antigos deuses. À chegada, depois de ajudar um idoso no meio da estrada, Magne recebe poderes de uma mulher misteriosa que, por alguma razão, trabalha na caixa de um supermercado. O jovem, que sofre de algum autismo e problemas de aprendizagem, vê nas suas capacidades a oportunidades de começar a ter uma vida melhor do que a que estava habituado.
No entanto, tal não acontece. Passadas algumas semanas na sua nova escola, a única amiga que tinha perdeu a vida de forma misteriosa. A polícia apressou-se a declarar a morte como um acidente, mas Magne não fica convencido e, à medida que faz a sua própria investigação, descobre que os culpados poderão ser a família mais poderosa da cidade. A amiga do jovem herói, que era uma ambientalista, encontrou provas de que a empresa da “rica família” era responsável pela poluição da água que estava a deixar centenas de cidadãos doentes. Quando se aproxima da verdade, Magne descobre outro pequeno pormenor: a família na realidade são Gigantes, sob uma forma humana, que há séculos que eliminam qualquer ameaça ao seu domínio naquela terra em específico. Super-heróis e salvar o ambiente. Haverá algo mais 2021?
Créditos Finais
Podcast. Se és fã da NBA, o podcast “Bola ao Ar” é a tua melhor companhia para começar a semana. O João Dinis e o Ricardo Brito Reis analisam os principais acontecimentos da liga de basquetebol americano, que chegou à sua fase mais interessante: os Playoffs. Ouve aqui o episódio mais recente.
Junho. No nosso Instagram, compilámos os principais lançamentos de filmes e séries tanto no streaming como nos cinemas.
Filmes e filmes. Vê aqui a lista de estreias nas salas de cinema até ao fim do ano.
Álbum para a semana. O Spotify e a Apple Music só recomendam Olivia Rodrigo, mas existem outras escolhas como esta.
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