Acho Que Vais Gostar Disto: "Ó Burro, já passaram 20 anos"
A newsletter de hoje podia chamar-se “Edição Melhores de Sempre”. Vou dar os parabéns àquele que para mim é um dos melhores filmes de animação de todos os tempos e destacar uma série que é das melhores de sempre sem nunca ter recebido um prémio relevante. Para leres já seguida!
- Miguel Magalhães
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No Reino Bué, Bué Longe
Prontos para se sentirem velhos? O “Shrek” saiu nos cinemas há 20 anos. Duas décadas. É para muitos críticos um dos filmes de animação mais revolucionários de sempre. Foi um dos primeiros projetos de animação a incluir humor e temas mais adultos, enquanto contava uma história que também era apelativa para crianças. Foi um dos pioneiros na transformação do cinema de animação para algo que tanto pais como os filhos podiam estar entusiasmados por ver. Não sei se existe algum estudo do género, mas tenho a certeza de que, a partir de “Shrek”, a idade média das pessoas que viam filmes de animação subiu significativamente. Sem surpresa, o filme venceu o Óscar de Melhor Filme de Animação em 2002, ano em que a cerimónia de Hollywood decidiu introduzir a categoria pela primeira vez.
Para quem está um bocado enferrujado com a história, vou fazer um rápido resumo. O filme é baseado num livro de contos de 1990 de William Steig e serviu como uma paródia para as histórias de princesas e de fantasia da Disney. Durante muitos anos, a empresa do Rato Mickey dominou por completo a indústria da animação e a DreamWorks, o estúdio que produziu “Shrek”, utilizou-o com uma oportunidade para brincar com diferentes personagens (os Três Porquinhos, o Pinóquio, a Branca de Neve, etc.) e com algumas referências da cultura pop, algo inédito nos filmes de animação naquela altura.
No filme em si, ficamos a conhecer o ogre mais famoso de sempre, Shrek, que se vê obrigado a salvar uma princesa em apuros, Fiona, ou correr o risco de ser banido do Reino Bué, Bué longe. Para isso vai contar com a ajuda de um burro falante, que, além de se tornar no seu melhor amigo, também lhe enche a paciência com a quantidade de palavras que saem da sua boca por minuto. A princesa tem uma maldição, o forte onde se encontra está protegido por uma “dragoa” e a tarefa torna-se mais difícil. Mas vocês sabem que, mesmo numa paródia de filmes de princesas, tudo acaba bem no fim.
A questão que se coloca agora é: que memórias ficaram? Vou enumerar aquelas que me vêm à cabeça sem ter tido a oportunidade de rever nenhum dos filmes da saga:
Apesar de o elenco original contar com nomes como Eddie Murphy (o Burro) e Cameron Diaz (Fiona), a verdade é que a maior parte das pessoas, em Portugal, para quem o filme significa algo, lembra-se da versão portuguesa e da voz inesquecível, meio matarruana, de Shrek. Se fechar os olhos, juro que consigo ouvi-la.
Também me lembro do Burro a ser um chato de serviço a perguntar “Já chegámos?” e da Fiona a ser a voz da razão (na maior parte das vezes). E, claro, do Gato das Botas num perfeito portunhol.
E quem se lembra, já numa das sequelas, do miúdo a dizer “Faz o grau”? Que cena incrível.
Nos filmes do Shrek, estão também as únicas duas músicas de jeito dos Smash Mouth - “All Star” e “I’m a Believer” (cover) - que são quase impossíveis de desassociar do filme. E esta versão do “Livin’ La Vida Loca” do Ricky Martin, a mesma coisa.
Existem muitas mais memórias e este é o momento certo para rever toda a saga (disponível na Netflix, na HBO Portugal e na Amazon Prime Video). Quais são as tuas? Partilha connosco numa resposta à newsletter.
Alguém está a ouvir de certeza
É sempre arriscado escrever sobre uma série de culto quando se viu apenas a primeira temporada e o primeiro episódio da segunda, mas vou fazê-lo na mesma, porque foi o suficiente para perceber o porquê de esta ser uma das melhores séries de sempre. “The Wire” é, de há uns anos para cá, colocada frequentemente no top 3 do ranking de melhores séries de sempre. Não interessa discutir quem poderão ser as outras duas (por agora), mas é um indicador da popularidade que a série ganhou e do modo como se tornou uma referência para a televisão que foi feita nos anos seguintes.
Passada em Baltimore, uma cidade a uma hora de Washington D.C, o enredo acompanha uma task force, composta por elementos de diferentes departamentos da Polícia, responsável por desmantelar uma rede de tráfico de droga na qual estão envolvidos tanto rufias como políticos com o dever de proteger os seus cidadãos. “Wire” em português significa “escuta” e, ao contrário do que acontece no sistema judicial português (para bem de alguns políticos e presidentes de instituições desportivas), nos EUA, pode ser usada como prova para condenar alguém à prisão. E é mesmo através de escutas e de complexos sistemas de vigilância que a polícia de Baltimore vai tentar resolver um caso que contamina as instituições-base da cidade.
Como disse, só vi a primeira temporada, mas depois de ler mais algumas coisas sobre a série, tentando ao máximo evitar spoilers, é fácil tirar algumas conclusões. Um dos elogios que é repetidamente feito a “The Wire” é a forma fidedigna como representa o trabalho policial e o funcionamento não só da cidade de Baltimore, mas da típica vida citadina americana. O ritmo da série e as diferentes narrativas paralelas tornam a experiência de a ver super intrigante ao colocarem-nos constantemente a ver o caso principal de diversas perspetivas. As minhas leituras na diagonal já me indicaram que cada temporada vai abordar um dos pilares da cidade: na primeira foi a droga, na segunda será o porto marítimo e nas seguintes vão ser destacados os media, o sistema de educação e os políticos. Can’t wait!
Caras conhecidas: “The Wire” é uma série mais focada em contextos e menos num conjunto reduzido de personagens. Contudo, passam pela série nomes como Dominic West (“The Affair”), Wendell Pierce (“Suits”) e o mais sonante, o grande Idris Elba.
Sem direito a prémios: apesar da reputação da série, a verdade é que nunca ganhou um Emmy ou um Globo de Ouro. E, a determinada altura, até esteve perto de ser cancelada por ter ratings baixos.
Fun Fact: em Harvard, existem cursos como sociologia, antropologia ou urbanismo que têm cadeiras temáticas sobre “The Wire” e que utilizam a série como uma analogia para estudar o mundo real.
Créditos Finais
Monstros & Co. Sully e Mike vão ter direito a novas aventuras numa nova série do Disney+. Vê o trailer aqui.
Ainda no Disney+. Este fim de semana vi o clássico “Romancing The Stone” e a sua sequela “The Jewel of the Nile”, com Michael Douglas e Kathleen Turner. Ideia para quem quiser filmes de aventura que não cansem muito.
Netflix. “Resumindo: O Dinheiro”, produzido pela Vox, é uma série documental com cinco episódios de 20 minutos que aborda temas como o enriquecimento rápido, os cartões de crédito, os jogos de sorte e as reformas. Vale muito a pena.
Escolhas musicais. O álbum de rap do momento e o regresso de uma banda incrível.
Can I Binge? Esta plataforma diz-te quantos episódios tens de ver por dia para acabar uma série num determinado intervalo de tempo. No meu caso, para acabar “The Wire” até à minha próxima newsletter, terei de ver quatro episódios por dia. Pouco provável.
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