Acho Que Vais Gostar Disto: Demasiado bons para admitirem os erros
Na edição de hoje tenho duas sugestões para ti. Uma delas é uma série mexicana que saiu há pouco tempo e que é inspirada num trabalho de Agatha Christie. A outra é um filme de 2002 que é a minha escolha sempre que preciso de uma boa dose de empoderamento e de jazz. Antes de terminar, recomendo-te ainda a próxima edição de Acho Que Vais Gostar Disto, porque vai haver novidades. Como assim? Descobre já de seguida!
- Mariana Santos
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Demasiado bons para matar
Eu nem sou muito dada a teorias da conspiração (mentira, claro que sou), mas, se fosse, certamente ia começar a criar o rumor de que a língua castelhana juntou forças para se apoderar lentamente da Netflix. Já não é a primeira nem a segunda vez que te venho falar de um destes conteúdos latinos da plataforma de streaming, e certamente não será a última. A verdade é que, cada vez mais, eles aparecem e muitas das vezes fazem sucesso, acabando por ir parar ao top de conteúdos mais vistos da plataforma.
Um destes casos foi a série “Quem matou Sara?”, que estreou há uns dias e que atualmente ocupa o lugar de conteúdo mais visto em Portugal. É uma produção mexicana e, como o próprio título sugere, o enredo gira à volta da morte de uma jovem, Sara, enquanto esta estava de férias com os amigos. A rapariga perdeu a vida depois de cair enquanto fazia parasailing e, ainda que muitos achassem que se tratava de um erro de fabrico do equipamento ou de uma situação acidental, foi o seu irmão, Aléx, que acabou por ser condenado pela sua morte.
18 anos depois, Aléx sai em liberdade e está sedento de vingança e mais empenhado do que nunca em descobrir quem foram realmente os responsáveis pela morte “acidental” da irmã. Os principais suspeitos são o namorado de juventude de Sara e a sua família rica, donos da casa onde os jovens passavam férias naquele verão. Aléx vai infiltrar-se nas suas vidas e, mais do desvendar o culpado, vai expor a todos os “podres” daquela família. Ricos que apagam todos os seus erros com dinheiro... quantas vezes já ouvimos isto?!
Mas, ainda que cativante, esta série não é perfeita. Para começar, não nos explica como é que Aléx, que veio de uma família com menos possibilidades económicas e que acabou de passar 18 anos na prisão, é perito em tecnologia e um autêntico hacker fantasma. É que quando foi condenado, os vídeos ainda se gravavam em cassetes 🤔. Por outro lado, ao longo dos episódios, que duram em média 40 minutos, há várias pontas soltas em que a história vai pegando e que vai largando conforme dá jeito, mas que acabam por pouco ou nada adicionar ao enredo.
Não sei se chegamos ao final com o mistério desvendado, até porque ainda não terminei a primeira temporada e a segunda já foi confirmada. Mas as teorias vão surgindo e desde o primeiro episódio que é quase impossível não desconfiar dos ricos poderosos que são demasiado bons para admitir os seus erros.
Inspiração na Rainha dos crimes por desvendar: É quase impossível não pensar em histórias de crime sem pensar em Agatha Christie e é logo nos primeiros segundos do primeiro episódio, depois de nos ser apresentada uma citação da escritora, que temos a certeza de que o seu trabalho inspirou a produção mexicana.
Mas porquê tanto sucesso? Este tipo de séries e filmes tem uma aura especial, um gingar charmoso de acting que nunca resultaria se fosse só mais um conteúdo falado em inglês. Quase que nos faz esquecer de todas as suas falhas.
Plumas, divas “and All That Jazz”
Com tantos novos conteúdos a estrear praticamente todos os dias, vou quebrar a regra e recomendar-te um clássico que é obrigatório ver, e que te vai dar vontade de rever vezes sem conta: o musical “Chicago”.
Eu, que sou muito esquisitinha no que toca a musicais, e que não aguentei mais de meia hora de “La La Land”, gosto tanto deste filme que já o sei quase de cor. Este clássico foi realizado por Rob Marshall e é uma adaptação do musical da Broadway, da autoria de Fred Ebb e Bob, exibido pela primeira vez em 1975, e que por sua vez é inspirado noutra peça de 1926.
A história passa-se nos loucos anos 20, nos Estados Unidos, onde reinava o espírito de diversão, as pérolas e plumas e o jazz a tocar de fundo. A personagem principal é Roxie Hart (Renée Zellweger), uma mulher que desejava, acima de tudo, ser uma estrela, estar em cima do palco de um bar noturno e atuar para a audiência, maioritariamente masculina, que se babava para qualquer decote com talento. Roxie estava disposta a tudo para alcançar o sucesso e, quando descobre que o seu amante não a podia ajudar a atingir o seu objetivo, dá-lhe um tiro e acaba por ser presa e condenada ao enforcamento.
Na prisão, conhece outras tantas mulheres que cometeram crimes parecidos e que assassinaram os respetivos homens, mas - como diz uma das minhas cenas preferidas do filme - "eles mereceram todos". No meio dessas pessoas está Velma Kelly (Catherine Zeta-Jones), que era uma das artistas mais badaladas do momento, antes de matar o companheiro e a irmã com quem protagonizava uma dupla. Roxie é uma fã incondicional de Velma e aproveita as circunstâncias para tentar retirar algumas lições da artista. Ao mesmo tempo, assistimos à tentativa destas duas saírem da prisão com a ajuda do seu advogado, Billy Flinn (Richard Gere), que transforma as criminosas em estrelas pela quantidade certa de dinheiro.
O filme saiu em 2002 e foi um autêntico sucesso, e a prova disso é que ainda hoje te estou a falar dele. Ganhou vários prémios, entre os quais o Óscar e o Globo de Ouro de Melhor Filme, e, não conhecendo todos os outros que disputaram o reconhecimento, digo, com certeza, que foi merecido.
Divas? Isto, sim, são divas: Penso que é justo dizer que, no meio das listas dos momentos de girl power icónicos da cultura pop, a cena do Cell Block Tango tem um lugar garantido. Que coisa linda! Espreita aqui.
Onde ver: O filme está disponível na HBO Portugal, assim como outro musical igualmente bom, o “Moulin Rouge”.
Fica a sugestão para o futuro: Se alguma vez tiveres oportunidade de ir ver o musical de “Chicago” ao teatro, aconselho-te a fazê-lo. Foi uma das minhas últimas atividades culturais antes de ficarmos todos fechados em casa, em março de 2020. Não foi na Broadway, mas tenho a dizer que, ainda que ligeiramente diferente, a interpretação em português também foi muito boa.
Desta vez, vais MESMO gostar disto
Há mais de um ano que eu e o Miguel Magalhães te trazemos, todas as semanas, sugestões sobre o que ver e ouvir. Passaram-se mais de 365 dias, que resultaram em exatamente 99 edições, e agora temos uma novidade para celebrar a edição número 100 de que temos a certeza absoluta de que vais gostar.
A partir de agora, apenas vamos escrever a newsletter de forma alternada à terça-feira. “Ah, e as sugestões de sexta? Vão acabar?!” Não, claro que não! O humorista Guilherme Geirinhas é a mais recente contratação no mercado de transferências deste desporto de sofá. Todas as sextas, vais receber no teu e-mail as sugestões do Guilherme, sendo que o primeiro texto chega já esta semana, na edição 100 da newsletter.
Créditos Finais
Replay, replay, replay: Há poucos dias, Lil Nas X lançou a nova música Montero (Call Me By Your Name) e no seu videoclip exuberante desce até ao inferno através de um varão de strip e aparece a seduzir o diabo. Desde então, as redes sociais nunca mais foram as mesmas. Para além de ouvires a música, espreita também os memes que têm sido feitos.
Ainda não vi, mas quero: Há um filme, que estreou na Netflix, que ainda não tive tempo para ver mas do qual já ouvi muito falar. Chama-se “Bad Trip” e, apesar de parecer ser apenas só mais uma comédia, é, na verdade, um híbrido entre filme de ficção que te faz rir e um programa real de apanhados. Tem tudo para ser ou a receita da desgraça ou uma mistura incrível.
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