Acho Que Vais Gostar Disto: Conspirar para salvar o mundo
E não é que, num abrir e fechar de olhos, estamos a celebrar um ano de Acho Que Vais Gostar Disto?! Hoje o bolo é virtual, mas nesta edição, a 97, vamos fazer a festa com sugestões para todos os gostos. Há uma série espanhola sobre mulheres vingativas, um documentário sobre as fraudes do sistema educativo nos EUA e uma teoria da conspiração que começou num fórum online. Para descobrires já de seguida.
- Mariana Santos
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A vingança é um prato que se serve frio
Caros Aléx Pina e Esther Lobato,
Por favor, parem de fazer séries incríveis que me deixam agarrada à Netflix a noite inteira. Também gostava de chegar ao fim do último episódio e não ter as unhas todas roídas por causa da ansiedade. Obrigada.
JK. Agora que já fiz este pequeno comunicado aos responsáveis de séries como “La Casa de Papel”, “White Lines” e “Vis a Vis”, posso contar-te tudo sobre a sua mais recente produção, que estreou há uns dias na Netflix. Desta vez não há roubos a bancos nem prisões, mas claro que o sexo, as drogas e o crime não podiam faltar em “Sky Rojo”. No centro da história estão três prostitutas que, mais do que mulheres que fazem do seu corpo negócio, são pessoas com objetivos e propósitos:
Wendy, um jovem lésbica argentina que foge da zona desfavorecida onde vive e se vê obrigada a vender o corpo para conseguir algum dinheiro para voltar para os braços da sua namorada;
Gina, uma cubana que foi enviada pela família para Espanha, no meio do tráfico sexual, e a quem foi dito que seria empregada de mesa. Quer, acima de tudo, garantir um futuro melhor para o seu filho;
Coral, uma mulher espanhola misteriosa, cuja história de vida poucos conhecem e que, como forma de se esconder depois de cometer um crime, se refugia na casa de prostitutas. Se, inicialmente, achou que estava a salvo, foi aqui que desenvolveu o vício nas drogas e acabou por se meter em ainda mais sarilhos.
É depois de uma delas decidir abandonar a casa de alterne “Las Novias”, em Tenerife, que as três se envolvem em confrontos com o seu chulo, que acha que elas lhe devem tudo. Pelo meio, entre perseguições, abusos e amores proibidos, as três mulheres vão unir-se para sair por cima e, claro, para se certificarem de que vão embora, mas não antes de se vingarem dos homens que as maltrataram.
Chegar ao fim com as unhas roídas: Para além de a série me ter deixado viciada, o último episódio ainda termina com um gigante cliffhanger e sem qualquer resposta para muitas das minhas perguntas. A sorte é que a segunda temporada já está confirmada. Resta esperar…
Curtinhos, como eu gosto: O enredo da série não enrola muito e os episódios não se estendem por horas intermináveis. Os oito episódios na primeira temporada, que não ultrapassam a meia hora de duração, são ótimos para serem vistos todos de uma só vez.
Se fosse rica, também eu entrava...
Que o sistema educativo dos Estados Unidos é muito diferente daquele que conhecemos neste lado do Atlântico já todos nós sabíamos. Que todos sonham em entrar nas grandes universidades da Ivy League também. O que muitos não desconfiavam era de um sistema de corrupção por detrás do acesso às melhores universidades nos EUA.
“Operação Varsity Blues” é o nome da investigação que revelou um esquema fraudulento e também o nome do documentário que nos mostra todos os movimentos orquestrados por Rick Singer. Formalmente, Rick é um consultor universitário. Na teoria, ajuda alunos que terminaram o secundário a preparar a sua candidatura de acesso à universidade, para que as suas chances de entrar aumentem. Na prática, era aquilo a que o próprio chamava uma “porta lateral”.
Ora, se entrar pela porta da frente é fazer uma candidatura normal e entrar pela porta de trás é fazer uma doação à universidade para que o aluno tenha destaque, entrar pela porta do lado é, nada mais, nada menos, do que mentir para conseguir ter acesso às vagas destinadas a grupos específicos, como a atletas ou a certas etnias, tudo em troca da quantidade certa de dinheiro. Em casos mais extremos, havia também falsificação de testes.
O escândalo ganhou especial destaque porque envolvia nomes conhecidos, como foi o caso da influencer Olivia Jade e dos pais, a atriz Lori Loughlin e o estilista Mossimo Giannulli, que tinham a sua vida exposta online. Tudo isto tornou mais suspeito o processo de entrada de Olivia na faculdade como uma aluna praticante de remo… uma mentira. Mas se estás curioso sobre como é que nunca ninguém desconfiou, o melhor é mesmo veres o documentário de pouco mais de hora e meia na Netflix.
Um mergulho no buraco negro da internet
Pouco tempo passou desde que a HBO estreou na sua plataforma de streaming os primeiros episódios de uma minissérie que nos transporta para os fóruns online mais alternativos. Se és amante de memes, é possível que já te tenhas cruzado com sites como o Reddit, o 4chan ou o 8chan. E se gostas de acompanhar teorias da conspiração, é possível que reconheças um movimento que surgiu pelos posts desses sites, o QAnon.
Com especial destaque na política de extrema-direita dos Estados Unidos, esta teoria da conspiração surgiu depois de alguns posts misteriosos, assinados por um tal QAnon, denunciarem uma cabala secreta que ia agir contra os EUA e contra Donald Trump, em específico. Ainda que as publicações fossem bastante ambíguas, os principais alvos eram outros políticos e os meios de comunicação, que, segundo QAnon, querem enganar toda a gente. Como algumas mensagens acabaram por coincidir com eventos que aconteceram posteriormente, e até houve expressões que foram depois repetidas por figuras relevantes, como Donald Trump, o movimento acabou por ganhar vários apoiantes.
Em “QAnon: Into The Storm”, vais ficar a conhecer alguns casos de quem acredita que apoiantes de Satanás e políticos canibais que comem criancinhas estão a querer dominar o mundo. E sim, esta é uma daquelas teorias da conspiração que só podia ter vindo das mesmas pessoas que acham que a Terra é plana. Mas, para além das histórias mirabolantes, vais descobrir todo um maravilhoso mundo da Internet e perceber um pouco melhor a origem desta história e destes sites onde a liberdade de expressão parece ser o principal valor.
Não foi feita de um dia para o outro: A série demorou três anos a ser produzida, exigiu muita pesquisa de fundo, e é narrada na primeira pessoa pelo realizador Cullen Hoback.
Quem é QAnon?: Ainda só estão dois dos seis episódios da série disponíveis, os restantes vão estrear nos próximos dois domingos. Até agora, não se sabe se se trata de um troll ou de uma só pessoa, mas entre as desconfianças estão Donald Trump, altas figuras militares, ou até mesmo os criadores do 8chan.
Créditos Finais
A dose semanal de cringe: O Tinder lançou na semana passada uma série no YouTube chamada “90069” e que retrata um pouco do mundo do online dating nos dias que correm. Não sendo particularmente boa ou engraçada, pelo meio, vais encontrar várias caras conhecidas do TikTok. Espreita aqui o primeiro episódio.
Afinal há passadeira vermelha: Os produtores dos Óscares já revelaram alguns detalhes sobre a cerimónia que vai decorrer no próximo mês. Para quem achou que podia ficar de casa com calças de pijama, as notícias não são boas. Ao que tudo indica, não vai haver chamadas de Zoom e vai ser tudo presencial. Descobre mais aqui.
O sucesso “O Falcão e o Soldado do Inverno”: A Disney+ diz que a série original da Marvel Studios foi a série mais vista de sempre na plataforma na sua estreia durante o fim-de-semana inaugural entre 19 a 22 de março, e o título mais visto em termos globais durante o mesmo período de tempo. Se ainda não viste, espreita o que o Miguel Magalhães escreveu sobre a série na última newsletter.
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